Salários estão desfasados do aumento dos preços

Célia Marques Azevedo, Correspondente em Bruxelas, in Jornal de Notícias

Os salários das famílias não estão a acompanhar os aumentos dos preços dos bens alimentares e do petróleo. O problema não é exclusivo da União Europeia (UE), embora tenha começado a ser discutido pelos ministros das Finanças dos 15 países que compõem a Zona Euro, reunidos ontem em Bruxelas.

O presidente do Eurogrupo defendeu, no entanto, que a solução não passa pelo aumento acentuado dos salários. Jean-Claude Junker afirmou, à entrada da reunião, que a questão poderia ser controlada sem perder de vista o princípio da moderação dos salários. Na mesma altura, o comissário responsável pelos Assuntos Económicos mencionou a preocupação com a subida generalizada da inflação, que está a provocar a perda de poder de compra das famílias.

O grupo dos 15 passou em revista mais atenta as previsões da Primavera publicadas pelo gabinete de estatística da Comissão Europeia a 28 de Abril, onde a taxa de inflação apresentava uma tendência para a subida, este ano (2,8% em Portugal, 3,2% na Zona Euro e 3,6% na UE). Na altura Joaquin Almunia alertou para a responsabilidade de cada Estado na subida "impressionante" da taxa de inflação. Em Bruxelas, o presidente do Banco Central Europeu disse também que não aprovaria subidas de salários que pudessem comprometer a estabilidade dos preços a médio prazo.

A reunião alarga-se hoje aos restantes ministros das Finanças da UE que vão analisar o reforço dos mecanismos de supervisão de crises financeiras transfronteiriças. Os 27 vão também trabalhar sobre o combate à fraude fiscal relacionada com o IVA e ouvir Comissão Europeia sobre os seus projectos na matéria, a lançar no segundo semestre deste ano.