6.5.08

São já 17 as mulheres mortas vítimas de violência doméstica

Fernando Basto, in Jornal de Notícias

Vergonha poderá impedir que muitos mais casos sejam denunciados pelas vítimas


Foram 17 as mulheres assassinadas por violência doméstica no primeiro trimestre deste ano. Os dados evidenciam um aumento do número de mulheres mortas, já que, ao longo de todo o ano de 2007, 21 mulheres foram assassinadas pelos mesmos motivos. A União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) divulgou, ontem, os dados e aproveitou para alertar para a necessidade de reforçar o alerta social, aumentar as acções de prevenção e oferecer um apoio técnico profissional - e não apenas voluntário - a todas as mulheres vítimas da violência doméstica.

Através dos casos relatados pelos órgãos de Comunicação Social, a UMAR contabilizou em 28 os casos de violência doméstica registados apenas no primeiro trimestre deste ano. Destes, 17 resultaram em assassinato, enquanto os restantes 11 resumiram-se a tentativas de morte, que deixaram as mulheres em estado grave. Segundo os dados divulgados, a maioria das vítimas tem idades compreendidas entre os 55 e os 65 anos de idade. Logo a seguir, surge o grupo de mulheres com idades entre os 20 e os 30 anos.

Maria José Magalhães, membro da direccção da UMAR - uma organização não governamental feminista - apoia-se nos números para justificar a necessidade de reforçar o alerta social e combate à permissividade perante os assassinatos conjugais.

"Há que garantir um atendimento eficaz às vítimas que englobe uma atenção completa ao problema vivido pelas mulheres e pelas suas famílias e o apoio necessário para que reorganizem as suas vidas", salientou.

A este passo, Maria José Magalhães referiu-se aos centros de atendimento que aquela organização gere e que disponibilizam apoio 24 horas por dia e 365 dias por ano. "Esses centros funcionam em regime de voluntariado e com as verbas que angariamos através da quotização das associadas", referiu.

Contudo, aquela técnica da UMAR defende um carácter mais profissional para os centros de atendimento, onde técnicos especializados ocupem os lugares agora preenchidos por voluntários. Para tanto, a UMAR necessita do apoio financeiro indispensável da Segurança Social.

Enquanto isso não acontece, a organização tenta angariar fundos através da implementação de iniciativas como o ciclo de cinema "UMAR-te Assim Perdidamente". Ao todo serão sete os filmes a serem exibidos, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, de 12 a 18 deste mês, sempre às 21 horas.

A exibição dos filmes contará, ainda, com palestras sobre a temática da violência doméstica. Pretende-se focar os três níveis do combate à violência sobre as mulheres alerta social, prevenção e atendimento qualificado e eficaz.

Recorde-se que os dados sobre violência doméstica divulgados pela UMAR resultam da análise diária dos órgãos de comunicação social. Isto significa que a realidade pode ser diferente da retratada pelos números, se se tiver em conta que, por vergonha, muitos casos são silenciados.