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A Rede Europeia Anti-Pobreza/ Portugal analisou a situação do desemprego na região do Tâmega e aponta o concelho de Baião, no interior do distrito do Porto, como um exemplo da falta de emprego e de competências sociais e parentais. Esta região é "a zona portuguesa mais problemática" no que respeita à pobreza, diz o padre Agostinho Jardim Moreira.
O estudo, intitulado “Nas Margens do Tâmega – Mercado de Trabalho, Pobreza e Exclusão: Interacções e intervenções”, incidiu sobre os concelhos de Amarante, Baião, Felgueiras, Lousada, Marco de Canaveses, Paredes, Paços de Ferreira e Penafiel. No que respeita aos números do desemprego, o Tâmega contribui com 20 mil dos 174 mil desempregados do norte do país.
Em Baião, 9,5% dos habitantes beneficiam do rendimento social de inserção e o desemprego feminino tem vindo a crescer. 80% dos homens emigrou e o desemprego feminino representa 70% neste concelho sem indústria e onde a construção civil é o sector predominante da economia local.
"Baião apresenta um comportamento demográfico mais marcado por uma dinâmica de diminuição da população e um crescimento dos seus índices de dependência e de envelhecimento", conclui o estudo.
No que respeita ao futuro, as previsões não são animadoras. “O acesso e frequência da escolaridade obrigatória parece estar genericamente resolvido, mas o mesmo não se passa com o prosseguimento de estudos para o secundário. Os valores da taxa de escolarização neste nível de ensino, com excepção de Amarante, estão bastante aquém das médias verificadas na Região Norte e no território nacional”, diz o estudo, que relata também um grande aumento no consumo do álcool e drogas e do endividamento das famílias.
Quanto ao papel do Rendimento Social de Inserção na respota à crise social, o responsável pela Rede diz que é preciso ir além destas medidas "meramente assistenciais". “Temos de deixar de gerir a pobreza através destes apoios e começar a incentivar a mudança, a apostar na qualificação das pessoas para que sejam elas próprias as geradoras da mudança”, afirmou o padre Agostinho Jardim Moreira ao Primeiro de Janeiro.
O presidente da Cãmara de Baião lembrou esta quinta-feira a promessa eleitoral de José Sócrates de criar um plano de desenvolvimento integrado para aquela zona do país. “Temos de ser capazes de contrariar estes indicadores sociais, culturais e económicos que nos põem na cauda do distrito do Porto”, disse José Luís Carneiro, que fez uma proposta invadora, a de quotas para pobres no acesso ao emprego: "À semelhança do que acontece com os portadores de deficiência, também deveria existir um sistema de quotas para aquelas pessoas que estão já devidamente sinalizadas em situação de pobreza e com baixa escolaridade. Esta seria uma forma de empregar estas pessoas, garantindo-lhes ao mesmo tempo formação profissional”, sustentou o autarca.