José António Cerejo, in Jornal Público
Juntas de Lisboa dizem que vão passar à acção face à pobreza crescente. "Há cada vez mais gente a pedir ajuda", garantem os autarcas das freguesias
Perto de duas dezenas de presidentes de junta de Lisboa estão a lançar um movimento destinado a responder "com celeridade e eficácia" à situação de crise económica e social em que vive cada vez mais gente nas 55 freguesias da cidade. A iniciativa partiu de autarcas eleitos pelo PSD, mas Magalhães Pereira, presidente da Junta dos Prazeres e um dos promotores da ideia, garante que o projecto "é social e não político" e virá a ter apoio de eleitos de todos os partidos.
"A nossa grande vantagem nas juntas é estarmos próximo das pessoas. Quando há dificuldades específicas nós temos maneira de o saber, coisa que não acontece com quem tem uma visão macroscópica da cidade", afirma Magalhães Pereira. E aquilo que os eleitos pelas freguesias de Lisboa sabem é que "as pessoas estão perante uma crise de emprego, uma crise de carestia de bens essenciais, uma crise social que está a gerar uma pobreza crescente". Para fundamentar esta conclusão, o autarca assegura que os pedidos de auxílio dirigidos à juntas, seja de alimentos, medicamentos, ou mesmo de dinheiro para pagar rendas de casa ou prestações de empréstimos não param de aumentar. "Há freguesias em que é possível contabilizar um acréscimo de 60 por cento dos pedidos de ajuda nos últimos anos."
Para enfrentar este fenómeno, os presidentes de junta querem apelar ao voluntariado dos cidadãos, a toda a espécie de organizações, à câmara e ao Governo. "Mas não vamos ficar à espera de nada. Vamos começar de imediato com os meios de que dispomos", salienta Magalhães Pereira. Entre as ideias que estão em cima da mesa e que foram anteontem comunicadas à presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Paula Teixeira da Cruz, conta-se a criação de cozinhas de freguesia para fornecer alimentos preparados e de farmácias de freguesia para providenciar medicamentos a doentes crónicos, bem como a sensibilização do Governo para alterar o regime de crédito à habitação com prazos mais alargados, moratórias ou períodos de carência, e ainda a integração dos postos de saúde das juntas no Serviço Nacional de Saúde.
De acordo com Paula Teixeira da Cruz, o projecto que lhe foi apresentado aponta também para a criação de programas de voluntariado para apoio a idosos e crianças e para o aumento da segurança das pessoas mais vulneráveis. "Pediram-me que patrocinasse este movimento e é isso que vou fazer. Para já dei conhecimento do documento que me foi entregue ao presidente da câmara, à vereadora da Acção Social e a todos os partidos com assento na Assembleia".