in Jornal de Notícias
O Governo anunciou hoje que está a elaborar uma Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas, a aprovar ainda neste mandato.
"A ideia é ver como as alterações climáticas vão afectar cada sector da economia e cada região do país. No turismo o aumento da temperatura de certas zonas, que poderão vir a ter menos água em certas alturas do ano, carece de planeamento. No sector vitivinícola é preciso saber se a mudança de clima permite continuar a produzir nas mesmas regiões", exemplificou aos jornalistas o secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, à margem da conferência "Portugal num Clima em Mudança", no Estoril, Cascais.
"Em termos de mitigação das alterações climáticas [redução das emissões com gases de efeito de estufa] já temos trabalho de casa feito", disse na sua intervenção, aludindo ao Plano de Alterações Climáticas, ao Programa de Atribuição de Licenças de Emissão e ao Fundo Português de Carbono.
Mas, para Humberto Rosa, mesmo que as alterações climáticas fossem travadas hoje, "os seus efeitos iam sentir-se nas próximas décadas". "É por isso que a adaptação é incontornável", justificou. Aliás, reconheceu que o Governo tem "estado concentrado na mitigação", mas defendeu que a adaptação tem de ter a mesma importância.
O governante explicou ainda alguns princípios daquela que será a Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas: "primeiro ver os pontos de partida, as medidas que temos para a seca ou erosão costeira e perceber se são suficientes. Depois integra a adaptação nas políticas sectoriais".
Conseguir envolver na adaptação os diferentes sectores da sociedade, público e privados, é outro dos objectivos, tentando depois levar essa Estratégia para a política internacional, em termos de cooperação com outros países.
Humberto Rosa defendeu que, em termos de adaptação, o papel do Estado deve ser o de fornecer "análise e informação e definir as prioridades e políticas-chave".
Adiantou também que aquela Estratégia Nacional "deverá estar pronta em 2009" e que "vai beber" a um estudo já realizado pela Agência Portuguesa do Ambiente sobre os efeitos das alterações climáticas em cada região do país.
Outro documento importante em termos de adaptação às alterações climáticas, adiantou, é um estudo que está elaborado juntamente com Espanha sobre os efeitos da mudança do clima na biodiversidade. "O objectivo é antever os efeitos das alterações climáticas na fauna e estudar as necessidades de medidas de adaptação", explicou Humberto Rosa.