27.6.08

Presidente da Caritas pede ao G8 medidas contra pobreza

Octávio Carmo, in Agência Ecclesia

Confederação internacional de organizações católicas espera acções concretas dos países mais desenvolvidos


O presidente da Confederação Internacional da Caritas, Cardeal Rodríguez Maradiaga, afirmou que seria “um escândalo” se os países mais ricos abdicassem de apoiar as nações mais pobres através de ajudas para o desenvolvimento.

O alerta da Caritas Internationalis surge por ocasião da próximo cimeira do G8 (o grupo dos sete países mais industrializados e a Rússia), que acontecerá de 7 a 9 de Julho em Hokkaido, Japão.

Na mensagem que dirige ao G8, a Caritas pede que cumpram as suas promessas passadas, a fim de assegurar a prossecução dos Objectivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

No caso da comunidade internacional, a ajuda total diminuiu 8,4% em 2007 em relação a 2006, após uma redução de 5,1%, entre 2005 e 2006.

Numa declaração conjunta da Cáritas e da CIDSE (a Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e a Solidariedade), assinada pelo Cardeal Rodríguez Maradiaga, lamenta-se que seja necessário “escrever novamente em 2008 para recordar aos governos doadores as promessas não cumpridas”.

“Agora existe um perigo real de que os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio sejam recordados só como palavras vazias. Isso alimentará o cinismo com o qual tanta gente dos países em desenvolvimento escuta as manifestações de preocupação dos países mais ricos”, pode ler-se.

O Cardeal hondurenho frisa que “sete anos e meio depois da Declaração do Milénio, estamos a meio caminho para chegar a 2015 e é evidente que muitos países fracassarão, porque não alcançarão os objectivos”.

“Nalguns casos, no andamento catual de progressos, poderão ter de esperar mais de 100 anos antes de alcançar as metas pré-fixadas. Para os estados membros do G8, o desafio de recuperar velocidade nos seus objectivos de 2015 é enorme”, refere a mensagem.

Em relação às alterações climáticas, D. Rodríguez Maradiaga lembra que “os pobres dos países em desenvolvimento são quem mais sente as piores consequências da mudança climática – e são os menos responsáveis pelas emissões que a provocaram”.

"Exortamos os governos para que garantam que os recursos colocados à disposição para ajudar os países em desenvolvimento a adaptarem-se às mudanças climáticas sejam somados aos recursos para o desenvolvimento e a redução da pobreza”, indica.

Os membros da Caritas em todo o mundo estão a angariar apoios, através de uma campanha via email, para o envio de postais de protesto ao governo do Japão.

A Caritas Internationalis é uma confederação de assistência, desenvolvimento e serviço social presente em mais de 200 países e territórios, incluindo Portugal. Mais informações em www.caritas.org