5.6.08

Desemprego continuará a níveis altos

in Jornal de Notícias

O desemprego vai continuar alto e atingir 7,9% da população activa, pelo menos até 2010, indicou ontem a OCDE. A confirmar-se, a falta de trabalho atingirá ainda mais pessoas do que no início do ano, quando a taxa era de 7,6%.

O Governo vai apresentar em breve a sua proposta de revisão do Código do Trabalho. Ontem teve lugar a última reunião na Concertação Social, a que se seguirão alguns encontros bilaterais. Só depois é que o ministério de Vieira da Silva apresentará um documento final, que será ou não subscrito pelos parceiros sociais, e depois apresentado ao Parlamento, a quem compete decidir sobre esta Lei da República. O Governo quer aprovar a nova lei este ano, para que entre em vigor no início de 2009. Se no desemprego a OCDE é mais pessimista do que o Governo português, que espera terminar este ano com uma taxa de 7,6%, já no crescimento da economia apresentou números mais altos. A organização internacional prevê que a riqueza criada no país aumente 1,6%, este ano, e 1,8% no próximo. E o ritmo de crescimento só não será mais acelerado por causa do enfraquecimento, quer da economia global (que tem influência nas exportações), quer da procura da parte de famílias e empresas, muito por causa das regras mais apertadas impostas pelos bancos quando alguém lhes pede empréstimos. As exportações foram a principa razão do crescimento de Portugal no passado recente, mas com os países mais compradores a sofrerem um abrandamento, a OCDE estima que diminuam as suas compras a outros países. A par da maior dificuldade em conseguir crédito, os juros também continuarão a um nível elevado. Durante os dois próximos anos, a inflação na Europa continuará acima dos 2% desejados pelo Banco Central Europeu, que na reunião de hoje deverá voltar a manter a sua taxa de referência nos 4%. Numa perspectiva global, a OCDE elogia a capacidade de resistência da economia do mundo à "tempestade quase perfeita" do passado recente. Por um lado, a crise do mercado de habitação de alto risco nos EUA fez com que os bancos comerciais não tivessem dinheiro suficiente, motivando a injecção de milhares de milhões de dólares e euros por parte das autoridades centrais europeia e americana. Em consequência, hoje é mais difícil e sai caro pedir dinheiro emprestado aos bancos, o que reduz o consumo e o investimento. Por outro lado, a escalada de preços da energia e da alimentação não tem fim à vista e está a prejudicar a economia mundial, mas a OCDE pede aos países que resistam à tentação de agir directamente sobre os mercados. Em alternativa, sugere que as pessoas mais pobres sejam protegidas através dos impostos e subsídios. Quanto à fome nos países mais pobres, as centenas de líderes reunidos em Roma, num encontro organizado pela FAO, estão a comprometer-se a aumentar as ajudas directas.