in Jornal de Notícias
Não há creches para todos os bebés de Matosinhos. Existem instituições de solidariedade social com lista de espera.
A Câmara quer resolver este problema e equaciona a reconversão de antigos ATL. A insuficiência foi detectada pelo Observatório Social de Matosinhos, que recolheu dados a nível nacional e local sobre a realidade municipal. Olhando para os números, o presidente da Autarquia, Guilherme Pinto, não tem dúvidas em elencar o "apoio à infância" como uma das áreas mais deficitárias, ao contrário dos centros de dia para os idosos e dos lares da terceira idade. O levantamento terá de ser aprofundado, mas tudo indica que a actual lista de espera para os lares da terceira idade é menor do que o número de camas disponível. "A área de apoio à infância, através das creches, tem uma resposta oficial ainda longe das necessidades. Vamos ter de criar uma maior resposta em termos de creches públicas", afirmou, ontem de manhã, Guilherme Pinto, sublinhando o objectivo de atingir uma cobertura de 100% nos próximos quatro anos (em 2012). "Será uma questão que vai mobilizar a Câmara de Matosinhos de forma determinada. A resposta não tem que ser necessariamente estal. Também pode ser privadas, mas queremos que todas as crianças de Matosinhos possam ter acesso a creches", continuou. A Autarquia equaciona diferentes soluções, podendo aproveitar fundos comunitários do Quadro de Referência Estratégica Nacional para a criação desses espaços para bebés dos quatro meses aos três anos de idade. Em cima da mesa, estão as possibilidades de adaptar os edifícios de ATL's sem utilidade (perderam alunos com a escola a tempo inteiro) a este serviço e estabelecer protocolos com instituições particulares que possuem essas valências. No relatório do Observatório Social de Matosinhos (ler infográfico), são identificadas 16 entidades com creche e 17 com jardins-de-infância. 40% dessas instituições de solidariedade social de Matosinhos assinalam que não dispõem de capacidade para acolher mais crianças, porque a Segurança Social não comparticipa a criação de vagas adicionais. No entanto, a maioria das entidades reconhece não ter "espaço físico adicional" para cuidar de mais bebés. "No total, as instituições têm uma lista de espera para creche com 270 inscrições", refere-se no documento. Grande parte desses inscritos é das freguesias de Matosinhos, de Leça do Balio e de S. Mamede de Infesta. Os principais argumentos para a admissão das crianças nas creches são a situação social desfavorecida e critérios geográficos. O recém-criado Observatório Social de Matosinhos serve para mostrar a realidade do concelho e identificar carências. Os estudos estarão, em breve, disponíveis na Internet e a Autarquia conta com a colaboração das cerca de 50 instituições parcerias do Município para fornecer informação. A vontade camarária é que os dados estejam sempre actualizados, sendo um sustentáculo para a definição de políticas. "Compete às instituições alimentar o observatório e manter os dados actualizados, para que a nossa intervenção se sustente numa caracterização rigorosa da realidade social", especificou a vereadora Luísa Salgueiro. Também serão compilados dados nacionais e realizados estudos. Neste momento, estão em curso duas análises: uma sobre o envelhecimento (encontra-se em fase final) e outra que aborda a percepção do jovens sobre a violência doméstica (fica disponível no fim deste ano). "A política social de Matosinhos atinge a maturidade. Permite-nos ser mais assertivos nas políticas sociais a desenvolver num tempo em que os recursos são espaços", sustentou Guilherme Pinto. Uma das próximas medidas do Município é o alargamento do programa de detecção precoce das dificuldades de aprendizagem às instituições de solidariedade social com infantários.