30.6.08

Presidente do IDT diz que o Porto beneficiaria com uma sala de chuto

Sandra Silva Pinto, in Jornal Público

João Goulão responsabilizou o executivo de Rui Rio pela falta de cooperação com as estruturas do IDT e pelo fim do Programa Porto Feliz

Na opinião de João Goulão, o IDT não podia alimentar um "programa-sorvedouro" como o Porto Feliz

O Presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência admite que o Porto é a cidade portuguesa que mais poderia beneficiar com a instalação de uma sala de injecção assistida. Quase dois anos após a suspensão do financiamento estatal ao programa Porto Feliz, João Goulão, acusou o presidente da câmara, Rui Rio de não rentabilizar e até ignorar recursos já existentes para actuação junto dos toxicodependentes. Mas garante que futuras parcerias não estão postas de parte.
Numa entrevista emitida pela Antena 1, o presidente do IDT considera que, desde a aprovação em 2002, o Porto Feliz, projecto desenhado pela Câmara do Porto e pela Fundação para o Desenvolvimento Social, tinha como único objectivo a "erradicação dos arrumadores da cidade do Porto". Sendo a toxicodependência um fenómeno que "em muito transcende" o fenómeno dos arrumadores e vice-versa, João Goulão contesta a atitude camarária de excluir do programa os cinco Centros de Atendimento a Toxicodependentes (CAT) da cidade que "foram completamente ignorados" na tentativa de "passar a ideia de que a única resposta existente no Porto para o problema da toxicodependência era o Porto Feliz.

A postura de total autonomização do município portuense face às estruturas estatais já montadas no terreno, e a montagem de um projecto com circuitos de encaminhamento próprios sem a mínima articulação com estas revelou-se, para Goulão, "um perfeito desperdício".Perante as tentativas falhadas de negociação para "optimizar e articular recursos já de si escassos no país" e a recusa da autarquia em "pensar a cidade do Porto de uma forma mais global", o IDT entendeu "não poder continuar a alimentar um programa-sorvedouro como o Porto Feliz", rematou Goulão.

Na última quinta-feira, no âmbito das comemorações do Dia Internacional Contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Droga, o presidente do IDT esteve no Porto para assinar vários protocolos integrados no Plano Operacional de Respostas Integradas (PORI). João Goulão fez questão de referir nesta entrevista à Antena 1 que a possibilidade de novas parcerias com a Câmara do Porto não está excluída até porque, explicou, o objectivo principal do PORI é "analisar as necessidades de um determinado território, os recursos nele existentes, identificar lacunas e, numa lógica de caderno de encargos, desafiar a sociedade civil a suprir esses mesmos problemas".