Tiago Rodrigues Alves, in Jornal de Notícias
Jovens aumentaram conhecimentos e mudaram algumas atitudes
Uma avaliação externa considera que a campanha "Aprender a Prevenir a Infecção VIH/sida" teve um impacto positivo junto dos alunos, especialmente no Ensino Básico. A faixa dos 13 aos 15 anos foi a que mais aprendeu.
"Houve um efectivo incremento nos conhecimentos e uma mudança positiva em algumas atitudes dos alunos" e "uma sensibilização da comunidade escolar para a temática com impacto a médio prazo". Esta foi a conclusão de uma equipa da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto depois de ouvir alunos, professores, formadores e pais sobre a campanha de prevenção organizada pela Coordenação Nacional para a Infecção do VIH/sida, no final do ano lectivo de 2006/07 e início de 2007/08, que envolveu 77 escolas básicas e secundárias.
Segundo o relatório a que o JN teve acesso, a acção revelou "um impacto muito positivo" junto dos alunos do Ensino Básico, onde houve um maior aumento dos conhecimentos gerais sobre a sida, com destaque para a faixa etária dos 13 aos 15 anos. Nos alunos com mais de 16 anos, já não houve tanta aquisição de conhecimentos.
De acordo com a coordenadora do relatório, Isabel Menezes, "a campanha teve impacto nos dois mas houve um maior envolvimento dos alunos do Básico do que do Secundário". Na realidade, muitos professores consideraram que a dinâmica e os conteúdos estavam mais adequados para os alunos mais novos. No entanto, Isabel Menezes refere que no caso dos alunos mais velhos, a acção também teve um papel positivo no reforço e reiterar de conhecimentos já existentes.
Uma das recomendações do relatório para futuras campanhas é precisamente uma maior adequação da acção ao contexto particular de cada escola. Não só em termos etários, mas também em função seu contexto sócio-cultural, económico e geográfico.
Outro dos aspectos positivos registados no relatório foi a sensibilização dos professores envolvidos e da própria escola para este tema, com a realização de muitas actividades complementares no seguimento da passagem da campanha. Com esta continuidade, o relatório refere que a campanha consegue provocar efeitos a médio prazo, muito depois da semana que dura a sua realização. Todavia, o relatório realça que com uma maior participação da comunidade escolar - pais, todos os professores e auxiliares - a iniciativa teria ainda mais impacto, sugerindo, para tal efeito, a realização de sessões mais tardias e orientadas para outros públicos.
Também se verifica que durante a 1.ª fase (no final do 3.º período de avaliação) não houve tanto envolvimento como na 2.ª fase (início do 1.º). Segundo os professores ouvidos faltou tempo para divulgar e preparar a intervenção e houve uma incompatibilidade entre agendas. Já no segundo momento da campanha, marcada mais antecipadamente e para o início do período, registou-se uma maior motivação e interesse por parte de alunos e professores.
A coordenadora do estudo disse que este foi "um trabalho em grande escala" e "que se constituiu, ele próprio, como um elemento positivo da campanha". Nomeadamente, ao promover questionários que despertaram a curiosidade dos alunos e, especialmente, ao convidar representantes das escolas para grupos de discussão sobre a inciativa, reconhecendo-os como parceiros da iniciativa e dando-lhe uma maior credibilidade aos seus olhos. Isabel Menezes salientou, ainda, que "tão importante como proceder a estas campanhar é fazer a avaliação do seu impacto".