Sérgio C. Andrade, in Jornal Público
Criar uma agência que facilite o contacto entre os criadores e trabalhadores das indústrias criativas é uma das principais sugestões contidas no estudo para o desenvolvimento de um cluster de indústrias criativas na Região Norte, ontem apresentado no Porto. Essa agência serviria também para dar informação eficaz sobre os mecanismos de acesso aos fundos de investimento, públicos e privados, ao lado da criação de massa crítica e da transformação das cidades em espaços criativos.
O consultor britânico Tom Fleming dirigiu o trabalho de campo de uma equipa formada pelo seu consórcio e por empresas portuguesas, e que aponta como "visão" a transformação do Porto e do Norte na "região criativa de Portugal", ultrapassando assim a crise que atravessa.
Na sua exposição, num auditório de Serralves cheio de criadores e agentes culturais, gestores e responsáveis institucionais e políticos (incluindo os ministros da Cultura e do Ambiente), Fleming defendeu que "a cultura não só dá identidade como cria oportunidades de negócio". O consultor britânico notou que o Porto e a Região Norte têm infra-estruturas e "um tecido muito rico de instituições", que carecem de ser mais bem aproveitadas. "Temos um grande hardware, é preciso agora apostar no software, nas pessoas."
A importância que as indústrias cri-ativas adquiriram já no Reino Unido foi citada por Ricardo Luz (da empresa Gestluz): no Norte de Portugal, os sectores criativos estão presentes em 54,9 por cento da actividade económica geral, mas só equivalem a 1,9 por cento do PIB; em Inglaterra, 34,8 por cento rendem 12,3 por cento do PIB...
Para inverter esta situação, os au-tores do estudo propõem outras me-didas - três eixos de actuação, 25 programas e 40 projectos -, que passam por colocar em rede os inúmeros núcleos de indústrias criativas (só no centro histórico do Porto foram identificados 270, revelou Ricardo Luz).
A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, que lançou o desafio para este estudo, depois gerido pela Fundação de Serralves, anunciou ontem através do seu presidente, Carlos Lage, o lançamento de "um concurso temático" para apoiar as indústrias criativas.