S.A., in Jornal Público
A subida do preço do petróleo durante o último ano é uma das principais causas para o clima negativo que se vive na economia europeia e, em particular, em Portugal, mas afinal este mesmo petróleo pode vir a ser uma das vias para resolver o problema.
Esta foi a teoria apresentada pelo ministro da Economia, Manuel Pinho, que lembrou que "uma forte baixa do preço do petróleo teria efeitos positivos sobre a economia e sobre o dia-a-dia das famílias, porque as famílias vêem qual é a consequência do aumento do preço quando enchem de gasolina os seus carros".
Não há dúvidas sobre o efeito de uma descida de preços dos combustíveis nas famílias portuguesas, que são, na Europa, das que dão um maior peso no seu orçamento a este tipo de produtos. Além disso, para Portugal, petróleo novamente mais barato reduziria o défice da balança comercial, que tem vindo a ser penalizada por esta deterioração dos termos de troca. O problema é saber se, na actual conjuntura, é de esperar um cenário deste tipo. Tudo se tornou mais provável durante as duas últimas semanas, depois de o preço do barril de petróleo ter caído para um valor próximo de 20 dólares, afastando-se dos máximos históricos que tinha atingido. Desde ontem, os portugueses começaram a sentir os efeitos desta descida, já que as gasolineiras decidiram baixar em alguns cêntimos o preço do litro de gasóleo e gasolina.
No entanto, é ainda cedo para festejar. São poucos os especialistas que se arriscam a apostar na continuação, de forma sustentada, desta recente descida de preços. O petróleo ficou mais barato, explicam, porque o consumo de combustível nas economias mais desenvolvidas tem vindo a baixar. O abrandamento da actividade só por si leva a que isso aconteça, sendo ainda natural que, com preços tão altos, se procurem alternativas.
O problema é que não é nos países desenvolvidos que está o problema. Como assinala Paula Carvalho, economista do BPI, "o mundo emergente continua a adicionar procura de energia a um ritmo muito elevado e a oferta continua a revelar pouca capacidade para crescer". Só para confirmar que ainda não é tempo para optimismo, ontem o preço do petróleo voltou a subir quatro dólares, bastando uma má notícia para inverter a tendência do mercado.