in Jornal Público
O porta-voz das 53 famílias ciganas da Quinta da Fonte, José Fernandes, admitiu ontem que estas poderão voltar à rua para se manifestar, caso não obtenham até amanhã uma solução do Governo Civil de Lisboa para a sua situação. As 53 famílias ciganas do bairro de Loures encontram-se desde o passado dia 23 em casa de familiares, uma condição imposta pela governadora civil de Lisboa, Dalila Araújo, para prosseguir as negociações com aquelas famílias.
Contudo, em declarações ontem à agência Lusa, José Fernandes contou que nem todas conseguiram "arranjar tecto" para pernoitar durante estes dias. "Uns estão a dormir em casa de familiares, mas outros em carrinhas e alguns até mesmo ao relento", conta, adiantando que "esta situação está a causar desconforto a alguns elementos". José Fernandes lamentou, por isso, "a falta de resposta" do governo civil e adiantou que as famílias só estão dispostas a esperar até amanhã. "Caso não haja novidades, voltaremos a manifestar-nos. Sempre por via legal, como temos feito até aqui", referiu. Na semana passada, as casas vandalizadas na Quinta da Fonte foram sujeitas a uma inspecção por elementos do Governo Civil de Lisboa, a pedido das famílias ciganas que garantem existir mais casas destruídas do que aquelas que foram sinalizadas pela Câmara de Loures. "É ridículo dizer-se que são só oito, quando é perfeitamente visível que pelo menos 36 estão completamente destruídas", diz.
Contactado pela Lusa, o vereador do Urbanismo na Câmara de Loures, João Pedro Domingues, garantiu que a posição da autarquia "não mudou um milímetro" e adiantou que as negociações com as famílias vão no sentido de obter uma solução alternativa para as oito famílias que não podem regressar já ao bairro.