in Diário Digital
A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) têm recebido todas as semanas, via e-mail, dezenas de pedidos de ajuda alimentar por parte de pessoas da classe média, noticia hoje o Diário de Notícias, citando o presidente da UMP.
Manuel de Lemos alerta para este novo padrão de pobreza que foge ao típico retrato dos pobres conhecido em Portugal, afirmando que «são pessoas com um perfil diferente, que não vivem na miséria, mas estão à beira de entrar na pobreza».
Acrescentou que este é um fenómeno que se veio a sentir desde o início do ano, quando se intensificaram os problemas económicos.
«Não estamos a falar de idosos, dos típicos desempregados, mas de pessoas com menos de 40 ou 45 anos que se calhar não deixam de pagar a netcabo nem desmarcam as férias na agência de viagens mas passam fome», conta Manuel de Lemos, que diz que ao seu próprio email já chegaram dezenas de pedidos de ajuda.
Estas solicitações que chegam às instituições são acompanhadas pelos serviços sociais que depois encaminham os casos para as misericórdias locais, acrescenta o DN.
Manuel de Lemos salientou ainda que as misericórdias estão a sentir o impacto do aumento do preço dos alimentos e dos combustíveis, e da chamada crise, de duas formas. Por um lado, crescem os pedidos deste tipo e, por outro, o número de pessoas que tomam as refeições nas instituições. Idosos que vinham almoçar uma vez por semana e agora aparecem todos os dias, crianças e jovens.
«Estas pessoas novas quando chegam para comer, põem-se a um canto, comem rápido e vão-se embora, pois sentem alguma vergonha. A situação é completamente diferente das outras que regularmente ali tomam as suas refeições», adianta Manuel de Lemos.
Recentemente, a responsável pela Federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome veio alertar também para o surgimento de uma nova camada de pobres.
Isabel Jonett falou ao DN sobre estas famílias da classe média, algumas habituadas até a um certo nível de vida, e que se viram nos últimos meses à beira de uma situação de pobreza.
Em geral, explicou a responsável pela Federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome, são pessoas que viveram durante algum tempo acima das suas possibilidades, se endividaram em grande escala e estão agora aflitas com a subida das taxas de juro, do preço dos combustíveis e do custo dos alimentos.