27.7.08

Ricos não sentem crise

in Jornal de Notícias

Mercado de luxo no Algarve regista uma taxa de ocupação de 100%

Já não há vivendas e apartamentos para alugar em Vale do Lobo e Quinta do Lago, locais de luxo do Algarve onde passar uma semana de férias custa a módica quantia de 2500 euros. Aqui, 99% dos turistas são ingleses e irlandeses, sendo os restantes portugueses.

A média de idades é superior a 40 anos, são famílias com filhos, mas também se vislumbram grupos de jovens (habitualmente seis a oito) que fogem do frio do Reino Unido e se escondem durante uma semana em apartamentos de Vale do Lobo e Quinta do Lago.

Rodeados do verde dos campos de golfe e dos jardins cuidadosamente tratados, onde a água corre ao longo de horas, estes dois locais do Algarve continuam a ser as escolhas preferenciais de quem não olha a gastos para obter umas férias inesquecíveis. Apenas o pequeno-almoço é tomado em casa e as restantes refeições são realizadas em restaurantes, onde podem ser gastos 20 a 100 euros por pessoa. Os mais caros são acedidos apenas depois de feita a reserva.

Alguns empresários contactados pelo JN admitem a crise mesmo nestas zonas mais caras, apesar dos serviços estarem todos a 100%. Uma crise, explicam, apenas sentida na venda das casas, onde os preços oscilam entre os 600 mil euros e os muitos milhões de euros. Aliás, na última semana, foi vendida uma vivenda na Quinta do Lago por um milhão de euros.

Os compradores são essencialmente ingleses, mas "como a libra desvalorizou eles não estão a comprar tanto como acontecia há alguns anos", contou ao JN um empresário do sector.
O conceito vem de lugares luxuosos da Europa, como Marbella, e rapidamente se instalou no Algarve. Em Vilamoura, o espaço abriu o ano passado e, segundo Patrick Rosa, o gerente do espaço, "as pessoas aderem cada vez mais ao conceito".

E para quem pensa que os preços são proibitivos, o responsável garante que não. Uma espreguiçadeira custa 10 euros por dia, o chapéu de sol outros 10 euros, mas se preferir um colchão o valor aumenta para os 30 euros. A tolha é oferta.

Há hipótese ainda de optar por escolher um sofá e ter direito a uma bebida por 15 euros, ou, para os mais abonados, escolher as open bad, localizadas numa espécie de cabanas, que custam 100 euros, com direito a garrafa de champanhe.

Preços diários para quem prefere estar na praia, entre as 9.30 e as 23 horas, e com animação garantida, feita por duas bailarinas. Acresce aqui depois os preços das bebidas (cocktails), a 7,50 euros cada. "São preços iguais aos praticados nas discotecas ou bares", afiança Patrick, garantindo que os clientes do Nikki Beach são "portugueses e estrangeiros".

Os "excêntricos" são alguns e o gerente recorda os dois casais de brasileiros que estiveram no Algarve durante dois dias. "Eles gastaram 8400 euros e deixaram 2300 euros de gratificações", afiançou.

A crise, revela Patrick, apenas se faz sentir no restaurante do Nikki, onde as ementas são exóticas e podem custar cerca de 40 euros por pessoa. "Houve um ligeiro decréscimo no restaurante, mas na parte do bar e da praia não sentiu ainda nada", admitiu.

O aluguer de barcos e veleiros, na Marina de Vilamoura "mantém-se em bom ritmo", asseguram alguns empresários, o mesmo acontecendo com a marcação de diversos circuitos turísticos.
Os restaurantes deste espaço mantêm alguma clientela, essencialmente estrangeira, com os responsáveis a serem obrigados a "baixar ligeiramente" os preçários das ementas.