Manuela Silva, in Fátima Missionária
Persistem na nossa sociedade estereótipos que entravam uma acção mais decisiva na superação da pobreza e das suas causas que só uma melhor escuta dos pobres poderá ajudar a dissipar
A pobreza deve ser considerada como uma violação de direitos humanos fundamentais, designadamente o direito à vida ou o direito à liberdade. Nas actuais condições de desenvolvimento económico, conhecimento científico e progresso tecnológico, é intolerável, do ponto de vista ético e de critérios de cidadania e vida democrática, que continue a verificar-se a persistência de elevado número de cidadãos e cidadãs do nosso País a viver em situação de pobreza severa ou sofrendo privações graves em relação ao estilo de vida corrente.
Contudo, persistem na nossa sociedade alguns estereótipos que entravam uma acção mais decisiva na superação da pobreza e das suas causas que só uma melhor escuta dos pobres poderá ajudar a dissipar. Por outro lado, da parte dos pobres têm faltado oportunidades para poderem expressar as suas vivências, dificuldades, aspirações e potencialidades e ganharem visibilidade como sujeitos de direitos e deveres de cidadania.
A Comissão Nacional de Justiça e Paz (CNJP), ao promover uma audição pública, a 8 de Novembro de 2008, com o tema “Dar voz aos pobres para erradicar a pobreza”, pretende convocar pobres e não-pobres para uma reflexão conjunta com vista à desconstrução dos preconceitos acerca da pobreza e, por essa via, contribuir para fomentar uma cultura de justiça, de solidariedade e de coesão social. É nossa intenção reunir na mesma mesa as pessoas que vivem ou viveram situações de pobreza e os responsáveis pelas políticas públicas, dirigentes e técnicos de organizações de solidariedade social, investigadores, bem como gente da cultura e da comunicação social para, em conjunto, encontrarmos caminhos para vencer a pobreza.