in Público Última Hora
Trinta e cinco por cento dos portugueses que vivem numa situação de pobreza têm um emprego, segundo o estudo "Um Olhar Sobre a Pobreza - Vulnerabilidade e Exclusão Social no Portugal Contemporâneo" entregue hoje pelo presidente do Conselho Económico e Social ao Presidente da República."Trinta e cinco por cento dos pobres são pessoas que trabalham", afirmou Alfredo Bruto da Costa, em declarações aos jornalistas no final de uma audiência com Cavaco Silva, no Palácio de Belém.
Para Bruto da Costa, que coordenou o estudo sobre a pobreza em Portugal divulgado no início do mês, "o problema não é aquilo que se faz" para resolver este problema, mas "o que não se faz", considerando que as políticas desenvolvidas pelo Governo para combater a pobreza são eficazes.Ainda sobre o estudo, o presidente do Conselho Económico e Social sublinhou que este não apresenta receitas para a acabar com pobreza, debatendo antes "o que não resolve" o problema para não desperdiçar recursos. "Aponta pistas porque identifica os problemas estruturais", referiu, assinalando a diferença entre os aspectos estruturais e os conjunturais que estão na origem da pobreza. Como aspectos conjunturais, Bruto da Costa apontou o aumento dos preços. "Mas, há causas mais profundas, que já existiam", acrescentou.
Questionado sobre se considera que o Estado é "conivente" com a pobreza, o presidente do Conselho Económico e Social considerou que "o grande conivente para com a pobreza é a sociedade". "Cada um participa nessa conivência à sua maneira", sublinhou, considerando que as medidas que o Estado pode tomar para fazer face a situações de emergência são "medidas de redistribuição". Sem querer fazer qualquer análise da situação actual por não a ter ainda estudado suficientemente, Bruto da Costa deixou um apelo à sociedade para que tenha consciência do sentido dos limites. "O apelo que faço é para que a sociedade tenha mais acentuadamente o sentido dos limites. Os recursos não podem ser ilimitados e as famílias têm de ter noção do limite dos recursos. A isso chama-se solidariedade", afirmou.