in Jornal Público
O ministro do Interior italiano, Roberto Maroni, disse ontem ter esclarecido os "mal-entendidos" com a União Europeia sobre a intenção de tirar impressões digitais dos ciganos que vivem em Itália. O comissário da Justiça, Jacques Barrot, tinha pedido explicações a Roma sobre este projecto, que ontem foi alvo de um protesto na capital italiana.
Maroni comprometeu-se a enviar a Barrot até ao fim do mês um relatório sobre a aplicação das medidas e convidou membros da Comissão Europeia a visitar os campos de ciganos que há em Itália.
O ministro do Governo de direita de Silvio Berlusconi anunciara em Junho que quer enviar as forças de segurança aos campos para recolher impressões, no âmbito do plano do Governo contra a criminalidade e a imigração ilegal. "Também vamos tirar impressões dos menores para evitar fenómenos como a mendicidade", justificou.
Uma manifestação para protestar contra esta iniciativa reuniu ao fim do dia algumas centenas de pessoas em Roma. "Não toquem nas crianças rom" foi o nome escolhido pela associação cultural ARCI para o protesto, em que a população foi convidada a depositar as suas próprias impressões digitais. Quarta-feira os eurodeputados denunciaram o projecto, considerando "inconcebível que num Estado membro da UE um grupo social específico seja visado por uma medida de recolha de impressões digitais". Quinta-feira será votada no Parlamento Europeu uma proposta de deputados italianos que visa impedir a recolha.
Existirão em Itália entre 130 e 160 mil ciganos.