1.7.08

Junta paga farmácia dos mais pobres

Paula Rocha, in Jornal de Notícias

Cerca de metade do orçamento mensal da Junta de Freguesia da Glória é utilizado em benefício das famílias carenciadas. A autarquia ajuda a pagar medicamentos, a luz e a água. E ainda contribui para a alimentação.

Eulália Fernandes, de 61 anos, vive com 181 euros por mês. Valor que tem de chegar para pagar a renda de casa, as contas da luz, água e gás e ainda tem de servir para os medicamentos. A conta da farmácia é a que mais preocupa esta moradora do Bairro de Santiago, na freguesia da Glória. E foi pela necessidade que recorreu à Junta, pedindo ajuda para pagar os medicamentos.

"Custou-me muito ir lá, mas tive de ir porque tenho todos os dias de tomar 15 comprimidos. Sempre que lá vou pedir ajuda, vou com o 'coração nas mãos', com medo que me digam que este mês não me podem ajudar".

Na passada sexta-feira, Eulália Fernandes gastou 41 euros na farmácia. Depois de pagar a renda, ainda fica com dinheiro para pagar a factura da água e electricidade. "Mas já não tenho para o gás, este mês não vou comprar botija. Tomo banho de água fria", conta. "Se não fosse a Junta ajudar-me, não conseguia comprar os medicamentos".

Eulália é apenas uma das "dezenas de famílias" que a Junta de Freguesia da Glória ajuda mensalmente. "Tentamos sempre dar prioridade às famílias mais carenciadas da freguesia. Não nos podemos esquecer que temos um bairro social e que 40 por cento da nossa população mora lá. Na sua maioria trata-se de pessoas idosos, aos quais não podemos fechar os olhos", refere Fernando Marques, presidente da Junta.

Todos os meses é feita uma avaliação das necessidades das famílias e "mediante critérios, vamos ajudando muita gente. A nossa prioridade é sempre para os medicamentos e nem todos os meses conseguimos ajudar as mesmas pessoas. A ajuda acaba, muitas vezes, por ser alternada para que possamos chegar a todos", sublinha Marques. Mediante as facturas que são apresentadas, a Junta encarrega-se de pagar directamente às entidades, num encargo social que "leva" metade do orçamento da autarquia.