SALOMÃO RODRIGUES, in Jornal de Notícias
Plano de restruturação da Rohde começará a ser conhecido amanhã
O plano de restruturação da multinacional de calçado Rohde, em Santa Maria da Feira, deverá começar a ser conhecido amanhã. Única certeza: o futuro passará por despedimentos, que poderão atingir centenas de trabalhadores.
O futuro dos 1200 trabalhadores da Rohde volta a estar em suspenso. Depois dos momentos de angústia vividos aquando do processo de insolvência da casa-mãe, no início do ano passado, os funcionários estão novamente com o "coração nas mãos", sabendo que poderão fazer parte do lote dos que podem vir a ser despedidos.
Os pormenores sobre o projecto de restruturação, que foi preparado nos últimos meses, só deverão começar a ser conhecidos amanhã, quando os representantes do Sindicato dos Trabalhadores do Sector do Calçado de Aveiro e Coimbra e da Rohde se reunirem com os responsáveis do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI). No encontro será analisado o referido plano de reestruturação que foi apresentado ao Governo e que deverá definir as condições para a continuidade da empresa.
O dossiê foi preparado em consequência do pedido de insolvência da casa-mãe da Rohde, na Alemanha. Neste país, a empresa tem já um investidor assegurado, mas falta definir o futuro da filial da Feira, que estará pendente dos possíveis apoios do Estado e de uma restruturação que passa, obrigatoriamente, por despedimentos.
Informações tornadas públicas apontam para a possibilidade de serem despedidos entre 200 a 500 trabalhadores, mas não há confirmação oficial.
Fonte da empresa, contactada pelo JN, diz não ter conhecimento do número de rescisões que será proposto, mas confirma que haverá lugar a despedimentos. A mesma resposta é dada pela coordenadora do Sindicato do Calçado, Fernanda Moreira, que afirma desconhecer em absoluto "qualquer pormenor do que se pretende fazer".
Espera-se, por isso, que a reunião de amanhã possa esclarecer todas as dúvidas. "Não sabemos o número de pessoas que vão ser despedidas nem os critérios que vão ser empregues", adianta Fernanda Moreira. A coordenadora sindical refere, ainda, que, se forem comunicados dados precisos na reunião, será marcado de imediato um plenário.
Estas incertezas têm agudizado, ainda mais, o sentimento de ansiedade que muitos dos trabalhadores - na maioria, mulheres - evidenciam nos últimos dois anos. Muitas famílias dizem ter a vida em "suspenso" desde que foi perceptível a frágil situação em que a Rohde se encontra.
Depois de alguns atrasos verificados no pagamento dos salários aquando do anúncio do pedido da insolvência, a Rohde tem conseguido, há mais de um ano, pagar atempadamente os ordenados. Aliás, tem sido solicitada a laboração para além do horário normal, para dar cumprimento às encomendas.
Motivos que levam muitos dos funcionários a questionar a propalada necessidade de se proceder ao despedimento de funcionários para que a empresa se torne viável.