in Jornal de Notícias
Em protesto contra a decisão de terem de regressar ao Bairro da Quinta da Fonte, várias famílias de etnia cigana passaram a noite ao relento no pequeno jardim em frente à Câmara de Loures. Esta manhã, a PSP efectuou buscas nas suas viaturas. Uma pessoa foi detida e três caçadeiras e uma espingarda ilegais foram apreendidas.
Eram 07:20 quando cerca de 50 elementos da PSP de Loures começaram a revistar as viaturas das famílias ciganas que pernoitaram ao relento, numa operação que foi coordenada com o Ministério Público.
Segundo a PSP, são entre 50 a 60 os moradores de etnia cigana do Bairro Quinta da Fonte que se encontram junto à autarquia de Loures, em protesto por recusarem voltar às suas casas, depois dos confrontos da semana passada com elementos da comunidade africana.
O comandante da PSP de Loures garante que se as pessoas decidirem passar a outra noite no largo em frente à Câmara, a PSP não irá intervir, pois "o direito à manifestação é um direito constitucional".
As famílias de etnia cigana garantem que vão dormir ao relento até que o Governo arranje outra situação. Entre colchões e mantas havia, esta noite, alguns cartazes com mensagens dirigidas ao Governo e à autarquia de Loures: "Por favor ajudem-nos" e "107 crianças sem tecto".
Até quinta-feira estas famílias estiveram a pernoitar num pavilhão em São João da Talha mas, na reunião que a autarquia de Loures teve com o Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, com a Governadora Civil de Lisboa e com a Segurança Social, foi decidido que nove famílias que ficaram com as suas casas vandalizadas iriam ser realojadas, esta sexta-feira, em tendas de campanha à entrada da Quinta da Fonte.
O presidente da Câmara Municipal de Loures, Carlos Teixeira, garantiu que a decisão de alojar nove famílias de etnia cigana à entrada da Quinta da Fonte é para manter. "Não faz sentido mandar as pessoas para longe do bairro onde vivem e para onde terão de regressar depois de as casas estarem arranjadas", sublinhou.
Por seu lado, as famílias que foram ouvidas pela Agência Lusa, afirmam que "voltar ao bairro está fora de questão, pois garantem que, se voltarem, vão "ser mortos".