in Jornal Público
A maioria das universidades portuguesas "fecha-se" ao reconhecimento das licenciaturas dos imigrantes, "o que leva ao desaproveitamento de uma riqueza ao dispor do país", disse ontem a alta-comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, Rosário Farmhouse. A responsável defendeu a criação de "uma via verde" com as universidades "para acelerar e desburocratizar os processos de reconhecimento de competências ao nível superior" dos imigrantes.
Rosário Farmhouse falava no Sameiro, durante o Encontro Nacional da Pastoral das Migrações, realizado pela Arquidiocese de Braga. Para a responsável, "é uma pena enorme" que não se esteja "a aproveitar a riqueza que temos e estamosa deixar fugir", mas ressalvou que "existe já alguma abertura, ainda que incipiente, por parte de algumas instituições de ensino superior para o reconhecimento" das competências dos imigrantes.
A alta-comissária elogiou o papel que a Igreja e as suas instituições têm desempenhado no apoio à integração dos imigrantes, lembrando que, apesar de todo o trabalho feito, "ainda há muito medo entre os ilegais e indocumentados para que se legalizem". A Igreja, sustentou, "tem um papel importante na desconstrução destes medos e em apontar soluções às pessoas em questão". Rosário Farmhouse disse ainda que a legislação portuguesa tem "janelas de oportunidades" que permitem agora uma mais célere obtenção da nacionalidade.
A título de exemplo referiu que "quem tem filhos a estudar tem uma boa oportunidade de se legalizar". Rosário Farmhouse salientou que os imigrantes em Portugal são nove por cento da população activa e cinco por cento da população residente. Revelou que, pela primeira vez, o Brasil surge como o país com a maior comunidade estrangeira presente em Portugal, com 66.354 cidadãos, destronando Cabo Verde, que aparece em segundo lugar, com 63.925 pessoas. A Ucrânia tem em Portugal 39.480 cidadãos. Lisboa, Faro e Setúbal são os distritos com o maior número de imigrantes.