20.9.08

35% das crianças ficam até 3 anos em lares

in Diário de Notícias

Crianças em risco. Relatório identifica menos 883 menores em 2007

Estada nos centros temporários deveria ser de seis meses no máximo


Um terço das crianças acolhidas nos centros de acolhimento temporário (CAT) têm um tempo de permanência entre um e três anos, quando esse período não deveria, de acordo com as normas, ultrapassar os seis meses. Mas de entre as mais de 11 mil crianças e jovens institucionalizados, há mesmo 2520 que lá se encontram há mais de seis anos e outras 2000 cuja permanência oscila entre os quatro e os seis anos. Estes são apenas alguns dos dados mais preocupantes do relatório do Instituto da Segurança Social sobre a situação das crianças e jovens institucionalizados em 2007, ontem divulgado.

Apesar da persistência das dificuldades em arranjar projectos de vida e famílias para muitas destas crianças - quer pelo efeito acumulado da burocracia, da falta de candidatos a pais adoptivos ou processos judiciais que se arrastam nos tribunais - foram menos 883 as crianças em situação de acolhimento face ao ano anterior.

Comentando aquela descida, a secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação referiu que há cada vez mais crianças a cessarem o acolhimento no mesmo ano em que o iniciam, o que, considera, é "um indicador de que está a ser percorrido um caminho para diminuir o tempo de permanência nas instituições de acolhimento".

A negligência é a situação preponderante a atirar crianças e jovens para instituições, com especial prevalência para a ausência de acompanhamento familiar, identificado em 6137 crianças, e de ausência de acompanhamento ao nível da educação, assinalada em 5388 crianças. Mas, infelizmente, e tal como vêm mostrando os relatórios anuais, os maus tratos físicos foram uma realidade para 1758 crianças e jovens. Já o abandono conduziu ao acolhimento de 1744 crianças. Mais de metade da população acolhida tinha, em 2007, mais de 12 anos. - C.A., Com Lusa