26.9.08

Acusação de Leonel Carvalho "potencia atitudes xenófobas"

Pedro Vilela Marques, Leonardo Negrão, in Diário de Notícias

Estrangeiros. Líder do Gabinete de Segurança associa abertura de fronteiras a onda de insegurança


"Os estrangeiros têm uma grande responsabilidade no aumento da criminalidade violenta em Portugal". Foi com esta ideia que o secretário-geral do Gabinete Coordenador de Segurança, o General Leonel Carvalho, gerou ontem a controvérsia junto da associações de defesa dos imigrantes, que alertaram logo para o perigos de estas afirmações originarem atitudes de xenofobia.

Em entrevista à Antena 1, Leonel de Carvalho informou que, embora o crime violento tenha descido em Setembro, cresceu em Julho e Agosto, aumento que acompanha a tendência do primeiro semestre. Nos primeiros seis meses de 2008, a criminalidade mais violenta aumentou 15,2 por cento, o que para o responsável do Gabinete Coordenador de Segurança tem como uma das grandes causas a abertura das fronteiras. "Os estrangeiros são cada vez mais responsáveis pelo aumento da criminalidade violenta em Portugal e é preciso ter consciência desta nova realidade e adaptar o sistema de controlo de fronteiras".

Estas afirmações suscitaram desde logo a condenação das entidades encarregues de defender os direitos dos imigrantes. A Alta Comissária para a Migração e Diálogo Intercultural qualificou como generalizações perigosas os comentários de Leonel de Carvalho. "A generalização que está contida neste tipo de afirmações é muito perigosa. Não é justo que sejam identificados com o que de mal se passa em Portugal", argumentou Rosário Farmhouse.

No mesmo sentido, o presidente da Plataforma das Estruturas Representativas das Comunidades Imigrantes em Portugal preferiu reforçar os perigos de criação de atitudes xenófobas escondidos nas palavras do secretário-geral do Gabinete Coordenador de Segurança. "Pegar em casos pontuais e generalizar potencia a xenofobia, que coloca em causa o contributo para o desenvolvimento do País, onde os imigrantes querem ser parte da solução e não do problema", alertou Paulo Mendes.