Patrícia Jesus, in Diário de Notícias
Demografia. Associação das Famílias Numerosas considera crise preocupante
Tendência de diminuição da mortalidade mantém-se desde os anos 80
A idade média da população portuguesa vai continuar a subir um ano em cada cinco. Esta é uma das conclusões de uma projecção demográfica da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN), que será apresentada num seminário na Assembleia da República, no dia 27.
Segundo o presidente da APFN, estas projecções são baseadas nos números mais recentes, dados que "mostram que Portugal está a bater recordes no sentido negativo". Fernando Ribeiro e Castro lembra que em 2007, pela primeira vez desde a gripe pneumónica (1918/1919), houve mais mortes do que nascimentos. Com a esperança de vida a aumentar e menos nascimentos, a população continuará "a envelhecer a um ritmo mais do que preocupante", afirma. Por isso, no século XXI, "muito mais importante que o desafio ambiental será a crise demográfica", conclui.
O presidente da Associação Portuguesa de Demografia (APD) salienta que se perspectiva uma sociedade muito diferente no futuro. "Em 1960 tínhamos 6% de população com 65 anos ou mais, agora temos cerca de 17% e as projecções da Eurostat falam em 25,4% em 2035. É uma realidade indesmentível e uma revolução", diz Mário Leston Bandeira.
A tendência de diminuição da natalidade é visível desde os anos 80 e continua a agravar-se: em 2006 a taxa de fertilidade era de 1,36 (filhos por mulher); no ano passado atingiu o valor mais baixo de sempre - 1,33, muito aquém dos 2,1 necessários para assegurar a substituição de gerações. Segundo Fernando Ribeiro e Castro, há estudos que dizem que o número médio de filhos desejados é exactamente de 2,1. Assim, "não são necessárias medidas natalistas, apenas substituir a política antinatalista dos últimos 30 anos por uma que permita às famílias terem os filhos que querem", conclui. Como exemplo cita o facto de um divorciado poder descontar "até seis mil euros de despesas em pensão de alimentos por cada filho a cargo, no IRS."
Para o presidente da APD, as alternativas passam por criar condições para que haja mais nascimentos e pela captação de imigrantes.