in Lusa
A pobreza na América Latina caiu para o nível mais baixo desde 1980, enquanto as desigualdades entre ricos e pobres recuaram em países como o Brasil, segundo o Plano das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A conclusão consta do estudo sobre a coesão social na região, hoje apresentada pelo PNUD e Comissão Europeia em Bruxelas, que sublinha a permanência de importantes obstáculos à igualdade nos países latino-americanos, nomeadamente no acesso à educação, que melhorou mais para a população com maiores rendimentos do que para os mais desfavorecidos.
Por outro lado, embora o desemprego tenha diminuído e a qualidade de emprego aumentado, o sector informal da economia "continua a ser extremamente grande" nas economias da região, onde grande parte da população trabalha por conta própria e sem acesso a protecção social, pensões de reforma ou seguros de saúde, referiu a directora do PNUD para a região, a costa-riquenha Rebeca Grynspan.
Outro obstáculo identificado são os "problemas raciais", com negros e etnias indígenas a terem, de modo geral, remunerações inferiores à população branca, além de menos hipóteses de estudar.
Ainda assim, a coesão social é significativamente maior do que há alguns anos, e a pobreza caiu mesmo para o nível mais baixo desde 1980, numa situação de equilibro macro-económico.
"Até 2005, a América latina teve um nível de pobreza mais alto do que no período pré-crise da dívida dos anos 1980. A partir de 2005, a pobreza diminuiu", referiu Grynspan em Bruxelas.
A responsável do PNUD salientou ainda a redução das desigualdades sociais, sobretudo no Brasil, país que tem a taxa mais alta na região no chamado coeficiente Gini, que pondera a diferença entre o PIB "per capita" mais alto e o mais baixo.
Os dados analisados referem-se a um período (2006 e 2007) de expansão económica na região mas o recente aumento dos preços dos alimentos e do petróleo está a afectar as contas dos países importadores destes bens, situados sobretudo na América Central e Caraíbas.
Para Grynspan, pior que a crise financeira norte-americana será o efeito na América Latina do abrandamento económico na União Europeia, cujos países são dos principais investidores na região, como é o caso da vizinha Espanha.
Outro potencial impacto da actual conjuntura poderá sentir-se por via de uma diminuição das remessas de imigrantes latino-americanos residentes nas economias mais desenvolvidas da Europa e América do Norte.
Países como Guatemala, Honduras e El Salvador dependem das remessas para compor perto de um quinto do seu produto interno bruto, de acordo com dados do PNUD.