24.9.08

Governo admite falta de recursos humanos nos cuidados primários

Fátima Mariano, in Jornal de Notícias

O desiquilíbrio no número de profissionais afectos aos Cuidados de Saúde Primários e Hospitalares e o investimento desigual nestas áreas são duas das ameaças ao Sistema Nacional de Saúde, de acordo com os autores do livro "Cuidados de Saúde Primários em Portugal - Reformar para Novos Sucessos", cuja segunda edição foi ontem apresentada em Lisboa e contou com a presença do secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro.

André Biscaia, um dos autores do estudo, salientou que "Portugal tem uma orientação forte para os cuidados de saúde primários em termos teórios, mas, na prática, está mais virado para os hospitais". Prova disso é o facto de o número de profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) afectos aos cuidados hospitalares ser muito superior aos dos CSP.

O secretário de Estado da Saúde não nega que a insuficiência de recursos humanos é a principal dificuldade sentida na actual reforma dos cuidados de saúde primários. No entanto, Manuel Pizarro salientou que no quadriénio 2005/2008 foram aceites 864 médicos em internato de medicina geral e familiar e que, no próximo ano, serão aceites mais 300.

O governante aproveitou ainda para lembrar nos últimos dois anos foram criadas 163 Unidades de Saúde Familiares, pelo que rejeita a crítica de que "o ritmo da reforma é muito lento".

Aos decisores políticos, André Biscaia deixou um repto: "O SNS em Portugal tem tido um papel muito importante na melhoria dos cuidados de saúde, mas não podemos descansar sobre os sucessos obtidos".