Por Florbela Viegas, in Rostos on-line
Verificamos que o esforço de pessoas e instituições do Barreiro, que se dedicam à causa dos pobres e dos excluídos é, infelizmente, insuficiente, face à dimensão que o problema assume. Isto revela, de modo flagrante, o défice de empenhamento que existe, em confronto com aquilo que urge realizar perante tanto sofrimento gerado pela pobreza.
Não querendo ser Madre Teresa de Calcutá, não posso deixar de tecer algumas considerações sobre o Bairro das Palmeiras, a fim de sensibilizar os Barreirenses a fazerem uma reflexão crítica, acerca do grave problema de pobreza e de exclusão que grassa, com maior incidência, naquela parte da cidade do Barreiro.
Poucos de nós temos dedicado o melhor das nossas vidas em favor dos mais desfavorecidos, sobretudo daqueles que se debatem com situações massivas de pobreza e de fome.
Verificamos que o esforço de pessoas e instituições do Barreiro, que se dedicam à causa dos pobres e dos excluídos é, infelizmente, insuficiente, face à dimensão que o problema assume. Isto revela, de modo flagrante, o défice de empenhamento que existe, em confronto com aquilo que urge realizar perante tanto sofrimento gerado pela pobreza.
Acredito que a pobreza e a exclusão não existem por acaso, nem se resolvem apenas com sobras ou gestos de caridade a metro ou ao quilo. Muito tem de ser feito numa base interpessoal e directa, junto do pobre e do excluído.
Entendo a pobreza como um problema que reclama apoio pessoal para acorrer às carências, mas cujas causas só podem ser removidas, modificando os factores económicos, sociais e culturais que geram a miséria e perpetuam a pobreza. São, aliás, estes mesmos factores que se opõem às indispensáveis mudanças.
Esta pobreza continua a ser vista como um problema periférico, pretensamente resolúvel por políticas e medidas periféricas e residuais.
Embora existam programas mais ou menos elaborados de luta contra a pobreza, persistem no Bairro das Palmeiras e noutras zonas da cidade, situações de cortar o coração e isso é inadmissível, no século XXI.
Perante esta realidade, chegamos à conclusão de que a maior parte de quanto se tem feito, evidencia ineficiência na aplicação dos recursos e permite deduzir que passam ao lado as reais causas da pobreza no Barreiro.
Há que reverter este estado das coisas, alterando os modelos económico, cultural e de poder da sociedade.
O País atravessa uma crise mas devemos rejeitar o dogmatismo, o pensamento único. Teremos de reconhecer que as condicionantes existentes não determinam soluções únicas. Existem espaços de liberdade onde a intervenção humana, individual e colectiva é possível e necessária, porque há pessoas no Barreiro que estão a passar muito mal e têm vergonha de pedir ajuda. É a chamada “pobreza envergonhada”, que ninguém quer ver e todos ignoram.
Faço aqui um apelo a todos aqueles não pobres, que superem preconceitos acerca da pobreza e suas causas e estimulem comportamentos mais solidários.
A pobreza será sempre uma grave negação dos direitos fundamentais e das condições necessárias ao exercício da cidadania.
A pobreza está a alastrar no Barreiro.
Para resolver o problema, não bastarão apenas intenções, nem medidas avulsas de meia dúzia de “carolas”. É preciso que haja também um compromisso institucional, com vista a uma integração social plena.
É preciso identificar situações. É preciso ajudar!