29.9.08

CNIS e Governo em clima de paz

in Agência Ecclesia

Na Festa da Solidariedade, Pe. Lino Maia pede valorização das IPSS e compromisso cívico no combate à pobreza


A Festa da Solidariedade conheceu a sua segunda edição este Sábado. Barcelos foi palco do encontro de cerca de 2500 pessoas, provenientes de instituições particulares de solidariedade social.

O Pe. Lino Maia, Presidente da CNIS, indica que esta festa é uma “oportunidade de encontro e afirmação da solidariedade como um valor”. Um oportunidade agarrada por pessoas de todo o país que expressam assim a “solidariedade em Portugal”.

“Temos muitas instituições espalhadas por todo o país, que fazem coisas maravilhosas”, aponta o Presidente da CNIS. “Têm estado um pouco fechadas no seu espaço, não porque não desejem abrir-se, mas porque equivale à sua forma de estar”.

No entanto indica ser importante Portugal conhecer a “dimensão da expressão da solidariedade e se vá abrindo para este valor”, contrariando a “depressão a que nos estamos a habituar. Falar da solidariedade é bom para todos”.

A Festa da Solidariedade contou com a presença do Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, Viera da Silva, um sinal de que o ambiente vivido entre o Estado e as IPSS acalmou.

O Pe, Lino Maia dá conta de um “respirar” com os subsídios e os protocolos firmados com o governo, mas que não resolve todos os problemas. “Há um ano o ambiente era mais difícil e o Ministros esteve na primeira edição da Festa da Solidariedade”, recorda o Presidente da CNIS. “Nunca houve um conflito com este ministro em concreto”. O Pe. Lino Maia recorda que havia a necessidade de afirmação das instituições e a necessidade de preservar uma valência e o exercício de cidadania. “Houve problemas, não está tudo resolvido, mas o ambiente é, neste momento, de esperança e optimismo”.

Dado o fenómeno crescente de pobreza o Pe. Lino Maia afirma a disponibilidade “total da CNIS para colaborar num «compromisso cívico» de luta contra a pobreza”. Em Portugal este é um fenómeno que se está a agravar e “as IPSS podem ter um papel determinante, desde que exista um compromisso cívico nesse sentido”.

“A disponibilidade das instituições para o aprofundamento da cooperação, nomeadamente no alargamento de algumas respostas sociais e na transferência de autonomia e da vocação das instituições, que é, claramente, estar ao lado dos mais carenciados. As instituições poderão sofrer de algumas tentações e acautelar a preservação da sua vocação”, afirmou o sacerdote.

Para o Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, Vieira da Silva, o compromisso cívico contra a pobreza “já existe”.

“No dia-a-dia esse compromisso acontece. Se for preciso formalizá-lo mais, não tenho nada contra, mas para mim ele existe”, afirmou, acrescentando ser algo “que está na raiz e é base do trabalho conjunto entre os voluntários, as organização não lucrativas, e entre o Estado que tem um acordo de cooperação que faz parte da nossa matriz”.

Sobre a sua participação na Festa da Solidariedade, o ministro explicou tratar-se de uma “participação solidária, pois com as instituições de solidariedade só pode haver clima de paz”.

“Há sempre questões a discutir, mas trabalhamos na perspectiva comum e eu tenho um grande respeito pelas instituições, conheço-as bem e penso que conseguimos sempre resolver os problemas entre nós”.

As IPSS representam um “recurso importante que o país tem e é uma característica portuguesa”, valorizou Vieira da Silva. O Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social sublinha que poucas comunidades têm um tecido social tão forte como o português e uma articulação tão estreita entre o Estado e as instituições. “Esta é uma mais-valia que é preciso valorizar”.