26.9.08

Portugal com fraca produtividade face a países concorrentes

João Ramos de Almeida, in Jornal Público

Economistas do BCE estimaram que a Bélgica apresenta a melhor localização, mas a Finlândia é o país tecnologicamente mais competitivo


Portugal apresentou os piores indicadores de competitividade entre doze países europeus, integrados ou não na zona euro, refere um estudo da autoria de dois economistas do Banco Central Europeu.

Filippo di Mauro e Katrin Forster construíram um modelo com base em dados de 150 mil empresas, integradas em doze sectores industriais de doze países europeus - nove dos quais na zona euro (Áustria, Alemanha, Holanda, França, Bélgica, Finlândia, Itália, Espanha, Portugal) e três fora dessa zona (Reino Unido, Suécia, Dinamarca). O modelo tem subjacentes quatro elementos determinantes para os resultados - a acessibilidade das firmas aos mercados externos e internos, dimensão dos mercados e a sua integração regional, liderança tecnológica e enquadramento político e institucional.
Os primeiros resultados sobre aquilo que os autores denominam como "competitividade geral" - ou seja, a capacidade de acesso aos mercados internacionais - revela que "os países que são maiores ou de mais fácil acesso por parte das empresas aos seus parceiros externos deverão mostrar um ambiente competitivo mais forte". Neste capítulo, os economistas seleccionaram a Bélgica como estando em primeiro lugar, seguida pela Finlândia, Holanda, Alemanha, França, Áustria, Dinamarca, Suécia, Reino Unido, Itália, Espanha e Portugal.

No segundo nível, os autores estimaram a "competitividade do produtor", a partir das "diferenças derivadas das diferenças de atrito comercial entre os países e pelas características dos mercados locais". Trata-se de um indicador que depende sobretudo da tecnologia (capacidade de produzir a um preço baixo) e do ambiente institucional (custos de aceder a um determinado sector).

Com base nestes critérios, o primeiro país foi já a Finlândia, seguida da Suécia, Áustria e Dinamarca, mantende-se Espanha e Portugal nas últimas posições. O caso da Suécia é realçado pelos autores. O país "revela uma forte vantagem tecnológica e um bom ambiente institucional, mas possui uma desvantagem em termos de localização". Isso "sugere que estar na periferia não representa per se um problema".

No outro extremo, os autores sublinham o caso de Portugal e Espanha, e ainda da Itália e Reino Unido, que se encontram "consistentemente no fundo" da ordenação, "independentemente da forma como são avaliados", o que revela uma "relativa desvantagem e um ambiente institucional menos favorável, ligado a um acesso ao mercado mais desfavorável".

Ontem, ministro da Economia contestou o estudo, afirmando que estão a surgir no país "bons projectos".