14.9.08

Lares e serviços de apoio só chegam a 11% dos idosos

Carla Aguiar, in Diário de Notícias

Terceira idade. Carência de serviços acompanha envelhecimento

Nos centros urbanos do litoral é maior a carência de lares e serviços


Os equipamentos sociais e apoios específicos para os idosos existentes em Portugal cobrem apenas 11% da população com mais de 65 anos, de acordo com a Carta Social do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. Os concelhos mais populosos do Litoral, como Lisboa, Porto, Leiria ou Setúbal, são aqueles em que as necessidades deste segmento da população menos são satisfeitas por lares, centros de dia ou apoio domiciliário.

Na capital, por exemplo, os equipamentos e serviços só abrangem 2,5% dos cerca de 120 mil idosos do concelho, tal como reconheceu oprovedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Rui Cunha. Só 20 das 53 freguesias são abrangidas, por exemplo, pelo apoio domiciliário integrado, um serviço diário que inclui não apenas a entrega de refeições e a limpeza do domicílio, como também a prestação de cuidades de higiene e saúde.

No plano nacional, o grau de cobertura é bastante díspar ao nível regional, dependendo da concentração demográfica e também do nível de investimento local em estruturas sociais.

De acordo com dados da Carta Social, referentes a 2006, nos 12 concelhos mais problemáticos e quase sempre os mais populosos, a taxa de cobertura das respostas sociais para a população idosa oscila entre os 0% a 5,6%, ou seja essa é a percentagem de pessoas com mais de 65 anos integradas em instituições ou que beneficiam de apoio e assistência. Ainda segundo o mesmo relatório, dos 307 concelhos, apenas 70 registam uma taxa de cobertura dos seus idosos por equipamentos entre os 20 e os 49 por cento.

O maior grupo de concelhos (92) oferece respostas para entre 5 a 11 por cento da população idosa.

Em declarações ao DN, o presidente do Instituto da Segurança Social reconhece um "défice grande" , sobretudo ao nível das estruturas para apoiar as pessoas dependentes ou com elevado grau de dependência. Edmundo Martinho adianta, a propósito, que o reforço da rede integrada de cuidados continuados é "a grande prioridade" para os próximos tempos. Até ao final deste ano, o plano, gerido em conjunto com o Ministério da Saúde, prevê que se atinjam até final do ano 5 mil lugares para pessoas dependentes, que, por questões de saúde, não podem estar em suas casas, ou estão em situações de convalescença, acrescentou.

Edmundo Martinho desvalorizou as estatísticas referentes à taxa de cobertura dos equipamentos, pois "nem todos os idosos com mais de 65 anos têm necessidade de um lar, centro de dia ou apoio domiciliário". A abordagem preferencial " é prestar assistência ao idoso em sua casa, ajudando também na recuperação das casas para adaptá-las às suas necessidades de mobilidade e outras". Entre 1998 e 2006, o apoio domiciliário cresceu mais de 75%.