Martim Areal Sanches, in Jornal Público
A capacidade da União Europeia (UE) para promover os valores relacionados com os direitos humanos diminuiu nos últimos dez anos, conclui um novo relatório do think thank European Council on Foreign Relations, depois de ter analisado mais de uma década de tendências de voto na Organização das Nações Unidas (ONU).
Desde 1990 que a UE tem vindo a perder o apoio de 41 antigos aliados em votos relacionados com direitos humanos, juntando-se a países como os Estados Unidos, que tem perdido influência na ONU. As posições da UE em relação a direitos humanos nos anos 90 eram apoiadas por 70 por cento dos votos na Assembleia Geral, descendo nos últimos dois anos para 50 por cento. Pelo contrário, países como a Rússia e a China têm ganho mais votos nas posições que apresentam, passando dos 50 por cento de há dez anos para mais de 70 por cento actualmente.
A perda de influência acontece, apesar de a UE ser o maior contribuinte para o orçamento da ONU, o maior doador de ajuda financeira e contar sempre com quatro a cinco lugares no Conselho de Segurança.
"A actual situação está em parte relacionada com mudanças geopolíticas, mas a UE também criou a sua má fortuna," afirma o relatório que se refere às crises na Geórgia, no Zimbabwe e Birmânia.
"A Europa tem perdido terreno, devido a uma relutância para usar a sua influência e uma tendência para olhar para dentro", lê-se no documento.
À semelhança do que acontece com os EUA, a UE é apontada como tendo perdido influência face às crises internas que tem tido de enfrentar.