in Jornal Público
Já tinha acontecido no primeiro trimestre deste ano, voltou a acontecer no segundo. O desemprego na região Norte desceu para os 8,2 por cento, a mais baixa taxa dos últimos três anos, e de novo à custa das mulheres. Com uma dinâmica mais positiva do que a nível nacional, o emprego criado na região cresceu 2,1 por cento em relação ao segundo trimestre de 2007, e os responsáveis não foram os homens, que até viram uma quebra líquida de 0,4 por cento no emprego gerado, mas as mulheres, com um aumento de 5,1 por cento, as responsáveis por esta performance que constitui um dos indicadores positivos descritos no relatório Norte Conjuntura.
Para além deste crescimento do emprego, o mais forte em seis anos, dizem as estatísticas, o documento trimestral ontem divulgado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte mostra uma região que, até Junho, conseguia manter-se à um pouco à margem da desaceleração já sentida na economia portuguesa, muito à custa da terceriazação da economia regional. Como se pode perceber pelos 24 mil empregos perdidos no sector transformador.
Apesar desta tendência, a indústria mantém um papel importantíssimo, como se vê pelos dados do comércio intracomunitário. Nos meses com informação disponível (Janeiro e Fevereiro) verificou-se uma aceleração no crescimento do valor das mercadorias expedidas a partir da Região do Norte com destino à União Europeia, "favorecendo sobretudo a expedição de produtos alimentares e de fornecimentos industriais (bens intermédios)", assinala o relatório.
Outro dado a destacar é a possibilidade de, nas indústrias tradicionais, os dados indiciarem uma recuperação da facturação do calçado nos mercados externos, bem como da utilização de mão-de-obra no sector do calçado e na indústria do vestuário. Pelo contrário, na fabricação de têxteis, todos os indicadores registaram variações homólogas negativas no 2.º trimestre, com destaque para o agravamento da queda da facturação.
Já a indústria do vestuário observou, na média do 2.º trimestre, um crescimento de 0,1 por cento do índice de emprego. Apesar de "modesto", a CCDR-R nota que "este resultado não deixa de marcar um contraste com as variações negativas que vinham sendo registadas desde há vários anos", levando a comissão regional a admitir que o nível de emprego do sector tenha eventualmente atingido um limiar de alguma estabilidade. No entanto a produção e a facturação no mercado externo agravaram a tendência de queda deste subsector.
Na indústria do couro e calçado, os dados referentes a Julho de 2008 apontam, em termos homólogos, para um crescimento da facturação no mercado externo (contrariando a tendência da primeira metade do ano) e do índice de horas trabalhadas. O índice de emprego regista uma queda menos acentuada neste sector.
O sector do calçado da Região Norte registou um aumento da facturação no mercado externo em Julho.