Virgínia Alves, in Jornal de Notícias
São mais 430 novos desempregados, a que se somam muitos mais com salários em atraso
Acabaram as férias e, para centenas de trabalhadores, também o trabalho. Em Agosto, foram vários os patrões que decidiram fechar as fábricas. Só este Verão foram 13. Resultado: 430 novos desempregados.
Assim que começa Setembro, os sindicatos sabem que não terão mãos a medir. Já não é novidade o encerramento de fábricas após o período de férias de Verão. Em alguns casos, a situação já é esperada, pelos vários salários em atraso aos empregados; noutros é quase uma surpresa. Os sindicatos falam de má gestão e do encerramento e deslocalização das grandes empresas como justificação.
Dados fornecidos pelos diferentes sindicatos, e salvaguardando que nunca estão completos, só este ano foram 13 as unidades industriais, de todo o país, que não reabriram portas após a pausa de Verão, mandando para o desemprego 430 pessoas.
O sector da indústria metalúrgica, química e eléctrica lidera este ano o número de encerramentos de empresas, bem como o números de pessoas que irão engrossar o já elevado valor dos que estão inscritos para receber o subsídio de desemprego.
Os números foram avançados pela Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgica, Química, Farmacêutica, Eléctrica, Energia e Minas e dão conta do fecho de oito empresas, o que resultou no despedimento de 272 trabalhadores qualificados.
É o caso, por exemplo, da STE, uma das última empresas do grupo Rocha de Matos, que fabricava material eléctrico e electrónico, e com vários contratos, entre eles com a Brisa, para a automatização das portagens. "No entanto, já há algum tempo que apresentava dificuldades. Os trabalhos eram feitos em diferentes partes do país e as despesas de deslocação e estadia, por vezes por semanas, ficavam por conta dos trabalhadores", adiantou Manuel Correia, do sindicato das eléctricas.
Neste sector também não estão ausentes os salários em atraso, nem mesmo os despedimentos colectivos. O atraso nos pagamentos parece ser conta difícil de fazer, mas quanto aos despedimentos colectivos contam-se neste fim de Verão 177. Na Yasaki, em Ovar, serão mais 162 trabalhadores despedidos até ao final do mês, e no Entreposto, de Lisboa, foram mais 15 trabalhadores com os postos de trabalho extintos.
No sector do calçado, a situação parece estar mais calma. Algumas empresas continuam a adiar a reabertura, mas não se pode avançar para o fecho definitivo. Neste sector encerrou uma fábrica, mandando para o desemprego 30 pessoas, na sua maioria mulheres.
Na construção, como adiantou o sindicato do sector, "não há férias, mas os salários em atraso são muitos, ascendem a centenas de trabalhadores no país".
No têxtil nada de novo. Quatro empresas fecharam e são mais 128 novos desempregados, na maioria mulheres. Outras empresas, como a Grantex, de Lousada, afirmou o sindicato, optam pelo despedimento colectivo "encapotado e ilegal" de 20 pessoas.