in Jornal de Notícias
A despesa média anual das famílias que vivem em Portugal ronda os 20 mil euros, sendo mais de metade do orçamento destinado a gastos com habitação, transportes e alimentação, revela o Instituto Nacional de Estatística.
De acordo com o "Inquérito às Despesas das Famílias 2010/2011", divulgado, esta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE9, a habitação, transportes e alimentação consomem 57% do orçamento anual dos agregados familiares que é, em média, de 20.391 euros.
A publicação do INE, que compara como as famílias viviam em 2000 com a situação vivida em 2010/2011, mostra que durante esse período os encargos com habitação aumentaram, estando os portugueses a cortar nos gastos com a alimentação.
Em 2000, os custos com habitação representavam 19,8% do orçamento de um agregado familiar e, uma década depois, o valor subiu para 29,2%. Ou seja, no ano de 2010/2011, as famílias gastaram em média 5.958 euros anuais a pagar rendas, mas também contas da água, gás, eletricidade e outros combustíveis.
A segunda classe mais representativa no bolo do orçamento das famílias foi os transportes, com uma fatia média de 14,5% (2.957 euros), que teve um decréscimo pouco acentuado ao longo dos últimos dez anos.
Já o consumo de produtos alimentares e bebidas não alcoólicas registaram uma diminuição significativa no consumo: em 2000, representavam 18,7% dos orçamentos familiares e agora representam 13,3% (2.703 euros).
Olhando para as regiões do país percebe-se que a distribuição da despesa segue um padrão idêntico, principalmente no que toca a habitação, transportes e alimentação.
No entanto, as famílias das zonas urbanas gastam o dinheiro de forma um pouco diferente dos agregados familiares das zonas rurais que, entre outras coisas, investem uma parte maior do orçamento na alimentação.
As despesas com habitação, transportes e produtos alimentares representam cerca de 56% do orçamento das "famílias urbanas" e 63,2% nas zonas rurais. No entanto, no mundo rural, a alimentação consome mais dinheiro, já que absorve 16,6% do orçamento enquanto, mais 4,1% que nas zonas urbanas.
As famílias que vivem nas zonas de Lisboa e no norte do país são as mais gastadoras. Se a média nacional da despesa anual ronda os 20.300 euros, na zona de Lisboa a média sobe para 22.384 euros por agregado familiar e no norte é 300 euros acima de média (20.671 euros).
Os alentejanos são os que menos gastam: em média, o orçamento anual de um agregado familiar é de 16.774 euros, ou seja, menos 3.617 euros que a média nacional. As regiões autónomas dos Açores e da Madeira, com 17.626 euros e 18.586 euros respetivamente, também ficam abaixo da média.
As famílias algarvias são quem mais se aproxima da média, com uma despesa média anual de 19.967 euros. No centro, os agregados familiares têm uma despesa de 19.183 euros, ou seja menos 784 euros que os algarvios.
Os resultados divulgados baseiam-se no resultado de um inquérito realizado entre março de 2010 e março de 2011 a uma amostra representativa dos agregados familiares residentes em Portugal.