29.10.08

Crise vai custar 2,2 biliões de euros a nível mundial

in Jornal de Notícias

O Banco de Inglaterra estimou em 2,8 biliões de dólares (2,2 biliões de euros) as perdas sofridas pelos bancos, as seguradoras e os fundos de investimento em todo o mundo, em consequência da actual crise financeira.

Este montante, divulgado esta terça-feira pelo banco central britânico no relatório semanal sobre a City, duplica os cálculos anteriores sobre as potenciais perdas da banca.

Nos Estados Unidos as perdas passaram de 739 mil milhões para 1,57 biliões de dólares e na Europa de 344 mil milhões para 785 mil milhões de euros.

Segundo o relatório, os governos gastaram mais de 1,1 biliões de dólares no resgate do sector financeiro.

O banco emissor do Reino Unido preconiza uma reforma drástica do sistema bancário mundial para prevenir uma repetição do sucedido e assinala que, no devido tempo, as perdas até agora sofridas poderão ser reduzidas para um terço ou mesmo para metade.

O chamado Relatório sobre Estabilidade Financeira refere ainda que os 50 mil milhões de libras canalizados pelo governo britânico para ajudar os bancos em dificuldades representaram um balão de oxigénio que os impediu de vender activos a preços de saldo.

O Banco calcula que as perdas de valor de activos sofridas pelas instituições financeiras no Reino Unido mais que duplicaram em relação aos cálculos feitos em Abril.

Segundo o documento, as perdas por valor de mercado no Reino Unido são de 123 mil milhões de libras (quase 191 mil milhões de dólares), enquanto que em Abril se falava em apenas 63 mil milhões de libras.

Até agora, no entanto, os bancos britânicos só baixaram o valor dos seus activos em menos de 20 mil milhões de libras (31 mil milhões de dólares).

O Banco de Inglaterra prevê que um em cada dez detentores de uma hipoteca no Reino Unido - 1,2 milhões no total - verá que a sua casa vale menos do que empréstimo que contraiu para a comprar.

Para cerca de meio milhão de pessoas, o dinheiro que devem ultrapassa já o valor da casa, devido à queda de 15 por cento no valor médio das propriedades imobiliárias que se regista desde o Verão.

Uma nova queda semelhante dos preços do sector levará para essa situação outros 700.000 dos 11,7 milhões de britânicos que se hipotecaram para comprar casa.

Trata-se da pior crise financeira no Reino Unido desde a Segunda Guerra Munduial, assinala o Banco de Inglaterra, que manifeta preocupação pela instabilidade que possa resultar dos problemas enfrentados pelas seguradoras e os fundos de alto risco.

Na sua perspectiva, o sistema financeiro global enfrenta a instabilidade "mais grave" de que há memória.