Helena Norte, in Jornal de Notícias
Camas de internamento são cerca de três mil. Norte e Lisboa são as regiões com cobertura mais deficitária
O número de camas na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados é de quase três mil, o que representa um aumento de mais de 30% face a 2007. Até ao fim do ano, o objectivo é chegar às quatro mil.
Implementada há dois anos, a RNCCI tem como principal objectivo a recuperação da autonomia das actividades de vida diária da população idosa e dependente. A meta traçada a dez anos é dotar a Rede com cerca 15 a 16 mil lugares de internamento, de forma a cobrir 80% das necessidades identificadas, explicou, ontem, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, no Porto, durante a assinatura de acordos para a criação de mais 90 camas na região Norte.
São, agora, cerca de 800 os lugares disponíveis nesta região que, segundo o Relatório de Monitorização do Desenvolvimento da RNCCI, referente ao primeiro semestre deste ano, é uma das que apresenta uma cobertura (medida pelo número de camas por cem mil habitantes com mais de 65 anos) mais deficitária a nível nacional.
Pior só Lisboa e Vale do Tejo, onde existem apenas 96 camas para cem mil idosos, ou seja, um lugar para 1041 utentes. Francisco Ventura Ramos reconhece que, nas grandes cidades, é mais difícil arranjar espaços para criar este tipo de unidades, mas sublinhou que o "esforço nacional" deverá traduzir-se, já no próximo ano, num total de sete mil lugares de internamento e "centenas" de equipas de apoio domiciliário.
No primeiro semestre deste ano, a Rede cresceu 33%, apresentando o Algarve e o Centro as taxas mais altas de cobertura. Entre os diversos tipos de unidades, verifica-se que são as de longa duração e manutenção que dispõem de maior oferta (67 camas por cem mil habitantes).
Do total de 8133 utentes referenciados para a Rede, 58% foram admitidos, o que significa que 3.416 foram rejeitados porque não cumpriam os critérios pré-estabelecidos e que passam essencialmente pela reunião de informação clínica, funcional e social que permita avaliar a necessidade de cuidados continuados de saúde e de apoio social.
Mais de metade dos 4717 utentes admitidos foi encaminhada para unidades de média duração e reabilitação e de longa duração e manutenção. As doenças vasculares agudas são o diagnóstico de um terço dos doentes que deram entrada nas unidades da Rede, seguindo-se a fractura do colo do fémur e a insuficiência cardíaca.
Tiveram alta 3.262 utentes, sendo que a grande maioria (67%) foi para casa, por não ter sido identificada necessidade de suporte. Há, porém, 14% que precisam de apoio domiciliário e 11% transferidos para outras unidades.
A expansão dos cuidados continuados representou, este ano, um investimento de 30 milhões de euros.