António Perez Metelo, in Diário de Notícias
Desemprego mundial em 2009 pode crescer 20 milhões
Crise. Trabalhadores com rendimento de um dólar devem subir 40 milhões
A crise financeira internacional, com o início da concretização dos pacotes de apoio à banca em numerosos países industrializados, começa a deslocar a atenção de políticos e de organizações internacionais para os efeitos de contágio da economia real. Juan Somavia, director-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), alertou ontem para o aumento de 20 milhões de desempregados em todo o mundo até fins de 2009. Segundo as estimativas da organização, "o número de desempregados pode passar de 190 em 2007 para 210 milhões no final de 2009". Num tom sombrio, a OIT prevê igualmente que o número de trabalhadores pobres, com menos de 1 dólar diário de rendimento, possa aumentar em 40 milhões e o dos que vivem com dois dólares por dia cresça em mais de 100 milhões.
Samovia considerou que estas projecções poderão ficar aquém da realidade, se a travagem económica se acentuar ainda mais. Os cortes vão atingir a construção civil, a indústria automóvel, o turismo, os serviços e o imobiliário, e não somente o sector financeiro. Perante o aprofundamento da crise nas economias reais, Samovia, em nome da OIT, apoiou "acções rápidas e coordenadas para evitar uma crise social" e disse acolher favoravelmente "uma melhor regulação financeira e uma melhor supervisão" para reequilibrar a globalização e fazer com que "o sistema financeiro internacional volte à sua função fundamental, a de fornecer crédito".
Os economistas do Deutsche Bank (DB), o maior banco comercial alemão, reviram em baixa as previsões para 2009. Devido à gravidade da recente paragem do crédito nos mercados financeiros o impacto nas empresas não-financeiras vai ser mais gravoso. Para 2009, o DB prevê agora um crescimento da economia mundial de 1,2 %, contra os 3,2% deste ano, o ritmo mais baixo desde o início dos anos 80. Neste contexto, os bancos centrais nos EUA, na Zona Euro e no Japão deverão baixar as taxas de juro para apoiar a economia, admitindo agora que a taxa directora do euro possa cair para 1,5% em fins de 2009.
Por sua vez, o Bundesbank, o banco central da Alemanha, afirma no seu relatório mensal que a economia germânica deverá ter estagnado no 3.º trimestre deste ano, escapando à recessão técnica esperada, depois da queda do produto em -0,5%, no 2.º trimestre de 2008.
Para 2009, os principais institutos de conjuntura na Alemanha desceram de 1,4% para, apenas, 0,2% as suas previsões de crescimento.