21.10.08

Desemprego mundial em 2009 pode crescer 20 milhões

António Perez Metelo, in Diário de Notícias

Desemprego mundial em 2009 pode crescer 20 milhões


Crise. Trabalhadores com rendimento de um dólar devem subir 40 milhões
A crise financeira internacional, com o início da concretização dos pacotes de apoio à banca em numerosos países industrializados, começa a deslocar a atenção de políticos e de organizações internacionais para os efeitos de contágio da economia real. Juan Somavia, director-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), alertou ontem para o aumento de 20 milhões de desempregados em todo o mundo até fins de 2009. Segundo as estimativas da organização, "o número de desempregados pode passar de 190 em 2007 para 210 milhões no final de 2009". Num tom sombrio, a OIT prevê igualmente que o número de trabalhadores pobres, com menos de 1 dólar diário de rendimento, possa aumentar em 40 milhões e o dos que vivem com dois dólares por dia cresça em mais de 100 milhões.

Samovia considerou que estas projecções poderão ficar aquém da realidade, se a travagem económica se acentuar ainda mais. Os cortes vão atingir a construção civil, a indústria automóvel, o turismo, os serviços e o imobiliário, e não somente o sector financeiro. Perante o aprofundamento da crise nas economias reais, Samovia, em nome da OIT, apoiou "acções rápidas e coordenadas para evitar uma crise social" e disse acolher favoravelmente "uma melhor regulação financeira e uma melhor supervisão" para reequilibrar a globalização e fazer com que "o sistema financeiro internacional volte à sua função fundamental, a de fornecer crédito".

Os economistas do Deutsche Bank (DB), o maior banco comercial alemão, reviram em baixa as previsões para 2009. Devido à gravidade da recente paragem do crédito nos mercados financeiros o impacto nas empresas não-financeiras vai ser mais gravoso. Para 2009, o DB prevê agora um crescimento da economia mundial de 1,2 %, contra os 3,2% deste ano, o ritmo mais baixo desde o início dos anos 80. Neste contexto, os bancos centrais nos EUA, na Zona Euro e no Japão deverão baixar as taxas de juro para apoiar a economia, admitindo agora que a taxa directora do euro possa cair para 1,5% em fins de 2009.

Por sua vez, o Bundesbank, o banco central da Alemanha, afirma no seu relatório mensal que a economia germânica deverá ter estagnado no 3.º trimestre deste ano, escapando à recessão técnica esperada, depois da queda do produto em -0,5%, no 2.º trimestre de 2008.

Para 2009, os principais institutos de conjuntura na Alemanha desceram de 1,4% para, apenas, 0,2% as suas previsões de crescimento.