Ana Rute Silva, in Jornal Público
Suécia, Dinamarca e Finlândia são os países que mais cumprem os objectivos da agenda europeia. Bulgária e Polónia são os piores, diz o Fórum Económico Mundial
Portugal recuou um lugar, passando para a 14.ª posição, no ranking do Fórum Económico Mundial que mede os esforços dos 27 países da União Europeia (UE) para atingir os objectivos da Estratégia de Lisboa. O estudo bianual da Rede Global de Competitividade, que compara a performance individual dos Estados-membros, destaca a Suécia, a Dinamarca e a Finlândia como os melhores na área da inovação, educação e inclusão social e, por isso, aqueles que mais têm feito para cumprir a agenda comunitária.
Em Março de 2000, o Conselho Europeu definiu um prazo de dez anos para a UE ter a economia mais competitiva e dinâmica do mundo, capaz de crescer sustentadamente, com mais emprego e maior coesão social. Ter um mercado financeiro eficiente, desenvolver o empreendedorismo e a produtividade são algumas das metas definidas e, nesta corrida, os países nórdicos voltam a mostrar melhor desempenho.
Na Europa dos quinze, Portugal e Espanha desceram posições face a 2006, ano em que foi publicado o último estudo. "Ainda assim, e apesar da crise actual, a Irlanda (11.º), Portugal e Espanha (17.º) continuam comparativamente bem, ocupando lugares na primeira metade da tabela", lê-se no relatório. Grécia e Itália, em 23.º e 24.º lugar respectivamente, continuam a descer no ranking, juntando-se ao grupo dos países menos competitivos e que inclui a Roménia, a Polónia e a Bulgária. Dos oito indicadores analisados - cada um corresponde a um objectivo da Estratégia de Lisboa - é na liberalização que Portugal tem melhor classificação, ocupando o 12.º lugar. A pontuação é pior no que toca à criação de indústrias de rede (nomeadamente nas telecomunicações, transportes e serviços) e na inclusão social. Gerar emprego e aumentar a população activa é um dos principais objectivos da agenda europeia e neste indicador Portugal ocupa a 18.ª posição.
Com a crise como pano de fundo, o Reino Unido desceu três lugares (9.ª posição), mas regista uma queda ainda mais acentuada no indicador relativo aos serviços financeiros: de primeiro lugar em 2006, desce para 11.º. As maiores mudanças aconteceram nos países que aderiam recentemente à UE. Chipre, que ultrapassa Portugal, subiu oito lugares do ranking passando para o 13.º, registando melhorias em todas as áreas. O Fórum Económico Mundial destaca ainda a boa performance da Eslovénia (15.º), de Malta (18.º), da Lituânia (19.º), da Letónia (21.º) e da Roménia (25.º). A maior queda foi registada pela Hungria, onde ainda há muito para fazer. Caiu do 17.º em 2006 para o 22.º.
Para além de analisar o desempenho dos 27 Estados-membros, o Fórum Económico Mundial comparou a competitividade de países como a Croácia, o Azerbaijão, a Turquia, o Montenegro e a Rússia, que, no geral, têm melhor desempenho do que a Polónia e a Bulgária, Estados-membros que figuram nos últimos lugares do ranking europeu. O estudo mostra que em média têm melhor performance competitiva do que estes países da UE, chegando, no caso da Croácia, a ultrapassar a Itália e a Roménia. O relatório faz também uma comparação do desempenho europeu com o dos Estados Unidos. Num total de sete pontos, os norte-americanos conquistam 5,44, ultrapassando os 27 países da UE (pontuação média de 4,73). É na inovação e na investigação que os EUA se destacam: têm, neste indicador, dois pontos a mais do que a União Europeia. Japão, Hong-Kong, Coreia ou Singapura também suplantam a média europeia, destacando-se nas indústrias de rede e na integração dos serviços financeiros.
Para calcular as pontuações, o Fórum Económico Mundial baseia-se em dados estatísticos oficiais e nas respostas de empresários de 130 países.