21.10.08

Pobreza e desigualdades colocam o país na cauda

Eduarda Ferreira, in Jornal de Notícias

Listagem da OCDE indica que só o México e a Turquia são mais desiguais do que Portugal


A OCDE diz que os governos não podem sempre recorrer a impostos a fim de reduzir a pobreza e desigualdade. A alternativa são os rendimentos do capital para atenuar o fosso entre ricos e pobres em países como Portugal.

Não há muita volta a dar a esta listagem, avisa a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) no relatório hoje divulgado: os resultados das contas dos seus peritos poderão fazer mudar ligeiramente o posicionamento de um ou outro país com mais um ou outro número, mas as conclusões não decorrem de "ruído estatístico".

A verdade é que entre os 30 membros da OCDE, há notórias diferenças na distribuição dos rendimentos e na taxa de população atingida pela pobreza. A Dinamarca era, em 2005, o país com menor fossso entre ricos e pobres e onde a pobreza é menos grave. No outro extremo, está o México, seguido da Turquia e logo depois por Portugal. Nisto, os Estado Unidos são nossos vizinhos e vemos a Espanha com nove países de permeio.

O relatório "Crescimento Desigual?- A distribuição de Rendimento e a Pobreza nos Países da OCDE" segue um critério para estabelecer a tabela da desigualdade, dividindo o rendimento dos agregados pelo número dos seus membros. Os cálculos são feitos sobre indicadores de meados desta década.

O documento assinala que a pobreza dos reformados baixou em muitos países. Por contraste, a pobreza infantil aumentou, ficando acima da média da população. "A pobreza infantil precisa de mais atenção", alerta a OCDE. O mesmo deve acontecer com os jovens adultos e as famílias com filhos, onde se acentuou a pobreza

Sobre políticas a seguir pelos governos, o conselho é que mais impostos só sejam medida temporária. A desigualdade deve ser reduzida através de leques salariais menos amplos e "dos rendimentos do capital", diz o documento, que refere haver grande abismo entre os rendimentos do capital e o trabalho independente. Por outro lado, "os países têm de fazer mais para garantir o emprego, em vez de esperarem por dar apoios ao desemprego, deficiência e reformas antecidapas". Mas, sendo eficaz na luta contra a pobreza, o trabalho não é suficiente para a afastar. A prová-lo está o facto de mais de metade dos pobres pertencer a agregados com algum rendimento do trabalho.