Joaquim Forte, in Jornal de Notícias
Reduzir riscos associados ao consumo de droga é o objectivo do projecto apresentado esta quinta-feira, In-Ruas, que abrange dezenas de toxicodependentes de duas freguesias do centro histórico de Guimarães.
Guimarães vai ter uma equipa de rua destinada a lidar com toxicodependentes do centro histórico. O projecto In-Ruas, apoiado pelo Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), aposta na redução de riscos e na minimização de danos da toxicodependência nas freguesias de S. Sebastião e Oliveira do Castelo.
O projecto parte de um diagnóstico social feito em Guimarães, segundo o qual existem naquelas localidades falhas ao nível da educação, saúde e emprego; casos de hepatite C, tuberculose e doenças infecciosas. "Foi identificada uma população de 160 indivíduos toxicodependentes, que circula pelo centro histórico, na maioria homens e jovens mas com longos historiais de consumo", refere Rita Aires, coordenadora do projecto.
O diagnóstico identificou três grupos sociais com problemas associados ao consumo de drogas - toxicodependentes, sem-abrigo e jovens - em situação de precariedade económica e social, com graves problemas de saúde.
O projecto envolve diversas entidades, da Câmara Municipal ao IDT, passando pela Associação Nacional de Farmácias e Coordenação Nacional VIH/Sida. Tem um alvo de acção: a zona do centro histórico (em particular a Casa dos Pobres), Jardim da Alameda e zona de Couros, onde "vivem", nos prédios abandonados, muitos sem-abrigo e toxicodependentes.
"A nossa acção seguirá uma atitude humanista, apostada na redução dos riscos dos toxicodependentes e da população. Não se trata de controlar para esconder. Queremos ser mediadores entre as estruturas de saúde e os toxicodependentes", diz Rita Aires.
A equipa de três técnicos (o número aprovado pelo IDT) já começou a tentar estabelecer uma relação de confiança com os toxicodependentes, a perceber os casos, as histórias, mas Rita Aires admite que, a par da resistência por parte de alguns deles, há que contar com o "preconceito da população" que olha normalmente para este tipo de projectos com certa desconfiança, considerando que alimentam hábitos de consumo de droga. Por isso mesmo, está marcado um encontro (dia seis de Novembro, na biblioteca municipal) com autarcas, comerciantes e população.