in Jornal de Notícias
A ministra da Saúde pretende que, no próximo ano, mais de metade das cirurgias programadas sejam feitas sem que os doentes fiquem internados, uma meta que permitirá "diminuir muito" as listas de espera.
Falando na cerimónia de apresentação do relatório final "Cirurgia de Ambulatório: um modelo de qualidade centrado no doente", no Porto, Ana Jorge referiu que, para a meta ser alcançada, "mais 30 por cento" dos hospitais terão áreas diferenciadas de cirurgias de ambulatório, que não implicam internamento.
Para conseguir alcançar o objectivo, que obrigatoriamente implica uma reorganização das unidades hospitalares, estão previstos "12 milhões de euros no orçamento" para 2009.
O presidente da Comissão Nacional para o Desenvolvimento da Cirurgia de Ambulatório, Fernando Araújo, responsável pela elaboração do relatório, disse que há 45 medidas que visam solucionar problemas relacionados com este tipo de cirurgia.
"Achamos que é actuando a vários níveis que no final se vai conseguir alcançar os objectivos pretendidos", frisou, acrescentando que até ao final do ano 38 por cento das cirurgias programadas deverão ser realizadas em ambulatório.
A ministra Ana Jorge admitiu que "houve pouco investimento" nesta área até agora, daí o relatório apontar que, em 2006, apenas cerca de 30 por cento das cirurgias programadas foram realizadas em ambulatório.
Segundo referiu, com estas cirurgias, o doente tem a garantia de qualidade, apesar de entrar de manhã no hospital e sair à noite.
Adiantou ainda que o doente "tem acompanhamento por parte da equipa" que o assistiu durante as primeiras 48 horas.
Fernando Araújo disse ainda que há a possibilidade da unidade hospitalar ceder gratuitamente aos doentes os medicamentos para levar para ambulatório, para os primeiros cinco dias pós-operatório.
Uma das medidas apontadas no relatório prende-se com a redução das taxas moderadoras que, segundo Fernando Araújo, "vão ser equiparadas a um dia de internamento, o que significa na prática uma redução de cerca de 50 por cento".
A ministra salientou, porém, que só com o empenho de todos os profissionais de saúde será possível atingir a meta definida.
"Esta aposta é exigente, a cirurgia de ambulatório exige que tudo seja muito bem planeado", advertiu, salientando que "a colaboração entre os diferentes níveis de cuidados é fundamental".