28.11.08

10 milhões de estrelas para eliminar a pobreza

Luís Filipe Santos, in Agência Ecclesia

Operação de Ntala da Caritas quer ser «Um Gesto pela Paz» que ilumina a vida dos pigmeus de Mongoumba


A iniciativa «10 milhões de Estrelas - Um Gesto pela Paz 2008» da Cáritas Portuguesa “não é uma operação para vender velas”, mas “queremos que a vela seja um instrumento para passar a mensagem da paz, justiça e solidariedade” – disse hoje (27 de Novembro) Eugénio da Fonseca, Presidente da Cáritas Portuguesa, no lançamento desta campanha, no Bairro 6 de Maio, Venda Nova (Amadora).

Como o ser humano necessita de símbolos para “interiorizar valores”, a operação foi concebida para aproveitar a simbologia da vela “numa altura tão sensível como o Natal” – realçou Eugénio da Fonseca. E acrescenta: “através da paz, justiça e solidariedade podemos tornar o mundo mais iluminado e mais claro”. Na compra da vela - custa 1 Euro - “estamos a contribuir para uma causa” a nível regional e internacional.

Depois da «dança da luz» - realizada por três raparigas do Bairro 6 de Maio – onde a música apelava para os valores do verdadeiro caminho entre «as brumas da cidade», Bernardino Silva, coordenador nacional da operação 10 milhões de estrelas, explicou o projecto que a Cáritas Portuguesa irá apoiar com as verbas angariadas com a venda das velas. “30 % dos fundos angariados destinam-se a apoiar um projecto de cooperação e desenvolvimento para promover a integração dos povos pigmeus de Mongoumba – população minoritária da República Centro Africana – sendo as áreas da saúde e da educação as principais prioridades. Esta escolha está intimamente ligada à celebração do Ano Europeu do Diálogo Intercultural” – anunciou.

O projecto de «Mongoumba» conta com a presença de dois leigos missionários Combonianos portugueses. “Um projecto credível e que pode ter sustentabilidade local” – avança Bernardino Silva. Situada numa zona montanhosa e densa a nível florestal, a missão gere 7 escolas dirigidas às crianças pigmeias. No ano de 2007/08, conta com mais de 400 crianças na escola. Por outro lado, esclarece o coordenador, a zona é muito afectada pela lepra.

Criar uma cultura de paz no coração dos cidadãos, vencendo a dimensão consumista e materialista do Natal é o objectivo desta campanha, realizada em Portugal pelo sexto ano consecutivo. A campanha não tem objectivos confessionais, ela é universal porque “os valores que ela procura veicular são universais”.

Ao longo do mês de Dezembro, os portugueses são chamados a colaborar nesta campanha de ajuda aos mais desfavorecidos. Jorge Sampaio, Carlos Queiroz e D. Januário Torgal Ferreira aparecerão em spots televisivos e dão «a cara» pela iniciativa da Cáritas Portuguesa. No entanto, o “grande momento será no dia 13 de Dezembro, dia da manifestação nacional, onde decorrerão várias actividades a nível local” – afirmou Bernardino Silva. Dos dias 12 a 14 do mesmo mês, voluntários estarão nos hipermercados «Continente» para divulgar a iniciativa e vender velas.

No fim de semana de 21 e 22, a jornada de futebol da Liga «Sagres» e Liga «Vitalis» também terá também manifestações de apoio. “As equipas que jogam em casa irão entrar com uma faixa com referências ao «10 Milhões de Estrelas»” – disse o coordenador da campanha.

Na Noite de Natal (24 de Dezembro), as velas servirão para iluminar as janelas das casas, de modo a serem vistas da rua, simbolizando a adesão das famílias portuguesas aos valores propostos por esta campanha.

No ano anterior (2007) foram vendidas cerca de 150 mil velas. Dos fundos angariados, 70% ficaram nas caritas diocesanas e os restantes – cerca de 21.500 Euros – foram aplicados no projecto «Inserção profissional da mãe solteira» da Cáritas Diocesana de Cabinda. Com cerca de 10 milhões de pessoas no nosso país, o número “ficou aquém das nossas possibilidades”. Eugénio da Fonseca aponta estratégias para que a mensagem passe: “conseguir ter a adesão de todos os órgãos de comunicação social que entram todos os dias nas casas das pessoas”.

Para este ano não há uma meta estabelecida, até porque “estamos numa época de crise” , mas “se conseguíssemos vender mais 10% era bom” – sublinhou o presidente da Cáritas Portuguesa. E conclui: “passa muito pela renúncia que as pessoas possam fazer e priorizar as escolhas”.

Presente também na campanha de lançamento da campanha, D. Januário Torgal Ferreira, vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social, sublinha que “no meio das tragédias quotidianas, a Cáritas tem sido uma luz que ilumina muitos desprotegidos”. E finaliza: “É uma iniciativa pedagógica”