Ana Paula Lima, in Jornal de Notícias
Exportações e encomendas estão a cair desde Maio
A quebra acentuada das exportações e a diminuição significativa da carteira de encomendas são dois dos impactos imediatos que a crise financeira mundial está a ter na indústria têxtil e do vestuário portuguesa.
O cenário é preocupante, mas os empresários do sector, que se reuniram, ontem, no 10.º Fórum da Indústria Têxtil, em Famalicão, quiseram passar a mensagem de que, mais uma vez, o sector quer resistir.
As dificuldades na ITV estão a agravar-se desde Maio deste ano, e segundo o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), que organiza o Fórum, João Costa. Entre Janeiro e Agosto, exportou-se menos 5,9%. "O sector vive hoje uma crise, de forma particularmente dura, e que se traduz em quebras produtivas substanciais em muitas empresas, baixa do volume de negócios em geral e queda das exportações em quase 6%, quando ainda no ano passado celebrámos crescimentos da ordem dos 5% no comércio com o exterior", salientou o presidente da ATP.
Em números redondos, o sector exportou 2,724 mil milhões de euros nos primeiros oito meses de 2008, menos 170 milhões de euros, face ao valor das exportações nos mesmos meses de 2007. Até ao momento, os subsectores mais afectados pela quebra das exportações são o vestuário e os têxteis-lar.
Grave é, igualmente, a diminuição das encomendas. A estimativa é que a quebra na carteira de encomendas ronde os 20%, o que estará a deixar muitas empresas sem trabalho.
A maior quebra na procura deu-se por parte do mercado espanhol que, segundo dados do Centro de Inteligência Têxtil (Cenit), importou menos 14% de Portugal no primeiro semestre de 2008 .
Os indicadores não deixam margem para dúvida de que o sector está em dificuldade, mas na visão de Manuel Teixeira, do Cenit, para já, não se prevê uma sucessão de fechos de empresas e de corte abrupto nos postos de trabalho.
"O encerramento de empresas e a diminuição dos postos de trabalho é algo que já vem a acontecer há alguns anos e, desde 2004, que prevemos que deverá continuar a acontecer. Quanto a números de encerramentos ainda não temos dados precisos sobre isso", adiantou Manuel Teixeira.
Actualmente, o sector é composto por quatro mil empresas, na sua maioria situadas no Norte, e dá emprego a 180 mil pessoas. Segundo o presidente da ATP, e apesar da situação difícil, a IVT "ainda representa 12% das exportações nacionais".