20.11.08

Vítimas de violência de género são cada vez mais jovens

Amanda Ribeiro, in Jornal Público

A maioria das vítimas mortais de violência de género tem entre 24 e 35 anos. Os agressores são mais velhos: têm entre 36 e 50 anos. Esta é a conclusão do Observatório de Mulheres Assassinadas da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), de acordo com dados recolhidos desde o início do ano.

A juventude das mulheres assassinadas é, para esta organização não governamental, "preocupante", quando comparada com anos anteriores. "Algo está a falhar", afirmou ontem, em conferência de imprensa, a responsável pelo Observatório, Artemisa Coimbra, alertando para a necessidade de reforçar a "prevenção ao nível das crianças e jovens nas escolas".

A UMAR contabilizou 43 mortes de mulheres vítimas de violência doméstica desde o início do ano, mais 19 do que em 2007.

No entanto, se até ao ano passado a organização só contabilizava os casos noticiados, este ano inclui três crimes referidos por companheiras feministas, que não tinham sido alvo de notícia. Desta lista consta, também, um crime praticado por um espanhol, em Pontevedra, na Galiza. A vítima residia em Portugal, justifica Maria José Magalhães, vice-presidente da organização.

Lisboa e Porto são os distritos com maior número de crimes sinalizados (7 homicídios cada). Um valor que inquieta Magalhães, pois pode revelar a ausência de uma "resposta eficaz" às vítimas, uma vez que o Porto tem "menos população". Mais de metade dos homicidas (54 por cento) mantinham uma relação de intimidade com a mulher, e em 28 por cento dos casos o casal já se tinha separado.

Desde 2004, morreram 182 mulheres. Um número "perfeitamente aterrador" e que "peca por defeito", afirma Artemisa Coimbra. Para "dar mais visibilidade" a esta realidade e "mobilizar as energias masculinas", a UMAR vai lançar a campanha Eu Não Sou Cúmplice.

A ideia, importada do Brasil, tem por objectivo fazer com que os homens subscrevam uma petição on-line contra a violência doméstica. A UMAR anunciou, também, uma iniciativa para a cidade do Porto. No próximo sábado, dia 22, alguns "ícones da masculinidade" vão visitar locais onde foram assassinadas mulheres. Lá serão colocadas placas simbólicas para homenagear as vítimas.