Samuel Silva, in Jornal Público
Várias instituições pretendem entregar até ao final do ano ao Governo um memorando com medidas de excepção para o Baixo Minho
A Associação Industrial do Minho, a Universidade do Minho, a Associação Comercial de Braga e a União de Sindicatos vão reunir-se à mesma mesa para debater soluções para a crise que afecta a região. Os encontros servem para preparar um memorando que pretendem enviar, até ao fim do ano, ao Governo, exigindo medidas de excepção para os vales do Ave e Cávado.
As quatro instituições vão reunir durante esta semana, em data ainda a anunciar, para discutir propostas, nomeadamente para os sectores tradicionais. Sindicatos, patrões e universidade estão preocupados com os efeitos económicos e sociais da crise financeira e das dificuldades que têm significado para as empresas da região, levando a várias falências e ao aumento do desemprego.
Entre as propostas vai constar um pedido de legislação de excepção para a região, à semelhança do que aconteceu nos anos 80, que permita viabilizar algumas empresas. "O diagnóstico está feito", afirma Adão Mendes, coordenador da União de Sindicato de Braga (USB). As empresas da região necessitam de modernização e reconversão, quer tecnológica quer dos quadros de pessoal. "Há empresas que têm excesso de mão-de-obra em alguns sectores, mas precisam de gente noutras áreas, especialmente de pessoa mais qualificado", explica o sindicalista.
Uma das medidas que será proposta ao governo passa pela facilitação do rejuvenescimento dos quadros de pessoal, garantindo protecção para os trabalhadores que venham a sair, cuja média de idades anda na casa dos 50 anos. A USB pede, por isso, medidas excepcionais que protejam aqueles que não encontrem trabalho até à idade da reforma, de trabalhadores com uma carreira de perto de 40 anos. Outros problemas que serão discutidos nas reuniões desta semana passam pelas dificuldades decorrentes dos custos da energia e dos combustíveis, havendo uma proposta de isenção de portagens dentro da região.
Mais do que o significado das reuniões, Adão Mendes, coordenador da União de Sindicatos de Braga, quer que haja resultados práticos. O objectivo é evitar erros como o do Pacto de Desenvolvimento Regional, promovido pela Universidade do Minho, em 2004, que "nasceu e morreu naquele dia", considera o líder sindical.
O desemprego tem vindo a aumentar no distrito de Braga. E de acordo com a União de Sindicatos, os números só não são maiores devido ao forte incremento da imigração, especialmente para a Galiza. Em Setembro, o número de trabalhadores inscritos nos centros de emprego ascendia 41 mil, mais 700 pessoas do que no mês anterior. Depois de um ano em que o desemprego diminuiu, a tendência inverteu-se no segundo trimestre de 2008. Desde Abril, há mas 2500 desempregados em todo o distrito.
Na sexta-feira, o tribunal de Vila Verde decretou a insolvência da têxtil Meneses & Pacheco, levando mais 104 pessoas para o desemprego. A empresa tinha dívidas acumuladas de mais de 1,3 milhões de euros. Também na semana passada, 70 trabalhadores da empresa Agrovil, em Braga, receberam a carta de despedimento.