27.11.08

Timor-Leste: Pobreza "aumentou significativamente "entre 2001 e 2007, diz Banco Mundial

in Lusa

A pobreza "aumentou significativamente" em Timor-Leste entre 2001 e 2007, segundo um relatório apresentado hoje em Díli pelo Banco Mundial e pelo Ministério das Finanças.

O relatório conclui também que, nesses seis anos, "o sector não-petrolífero estagnou".

O Presidente da República, José Ramos-Horta, questionou na ocasião a metodologia e os resultados do relatório e defendeu a política de concessão de subsídios seguida pelo actual Governo.

O relatório "Pobreza Numa Nação Jovem" conclui que metade da população timorense é pobre, vivendo com menos do equivalente a 60 cêntimos de euro por dia, e que um terço desses pobres vivem abaixo do limiar mínimo de pobreza, "ou seja, em situação de pobreza extrema".

O documento tem por base o segundo Estudo do Nível de Vida de Timor-Leste (TLSLS), completado em Janeiro de 2008, conduzido pela Direcção Nacional de Estatística com o apoio do Banco Mundial.

O nível da pobreza, que atinge 49,9 por cento da população, aumentou dos 36,3 por cento indicados em 2001 pelo primeiro TLSLS.

Segundo o relatório, as crianças são 49 por cento da população pobre em Timor-Leste, enquanto que os idosos são apenas três por cento, um perfil etário considerado preocupante pelos efeitos

"O aumento da pobreza é inteiramente devido ao declínio do consumo médio", explicou Gaurav Datt, da Unidade de Gestão da Redução de Pobreza no Sudeste Asiático do Banco Mundial.

"Isto, por sua vez, está relacionado com o fraco desempenho do sector não-petrolífero da economia", adiantou o analista do Banco Mundial.

O relatório mostra que o Produto Nacional Bruto (PNB) "estagnou" e que "este declínio não surpreende e está em linha com a estagnação do sector não-petrolífero no mesmo período" de 2001 a 2007.

Em termos per capita, o PNB não-petrolífero "real" desceu 12 por cento naquele período, "mesmo apesar de o rendimento ter subido muito e de ter havido um grande aumento no Rendimento Nacional Bruto (RNB).

Outras conclusões do relatório apontam para uma subida dos indicadores de educação e uma deterioração da saúde infantil.

A recolha de inquéritos no universo abrangido, de 4477 famílias, iniciou-se em Abril de 2006 mas teve que ser interrompida poucas semanas depois devido à crise política e militar.

O trabalho foi retomado em Janeiro de 2007 e realizado sem interrupções até ao início deste ano, explicou Gaurav Datt.

José Ramos-Horta, que assistiu à apresentação do relatório com a ministra das Finanças, Emília Pires, manifestou "algumas dúvidas" e teceu várias críticas aos "génios que têm e trazem todas as soluções" para Timor-Leste e outros países em desenvolvimento.

"Algumas das críticas são absolutamente académicas e sem nenhuma ligação com a realidade", acusou o Presidente da República abordando a polémica em torno da concessão de subsídios pelo Estado.

"Estou cansado dos génios que não se perguntam o que foi feito de errado ou se os conselhos não foram correctos", acrescentou o chefe de Estado.

Gaurav Datt referiu, a seguir, no início da sua apresentação, que "este relatório é tão bom como é possível obter em qualquer lado do mundo".

"Só o próximo relatório poderá mostrar o impacto das medidas que o IV Governo Constitucional tem vindo a tomar na população de Timor-Leste", afirmou a ministra das Finanças.

De acordo com o Fundo Monetário Internacional, disse Emília Pires, "podemos dizer já que a economia se encontra em crescimento acelerado": depois dos oito por cento de crescimento em 2007, espera-se que o Produto Interno Bruto real (não petrolífero) cresça dez por cento em 2008.

PRM.