Pobreza associada ao álcool faz disparar número de casos

Pedro Antunes Pereira, in Jornal de Notícias

O aumento dos casos de maus-tratos no concelho, cujos agressores são, muitas vezes, os próprios pais, assentam numa grande incidência "de pobreza extrema, associada ao alcoolismo e à violência, que põe a crianças em risco permanente".

Esta foi uma das revelações feitas pela presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, Fátima Soeiro num seminário sobre a exploração de crianças no mundo globalizado, organizado pela Confederação Nacional de Acção sobre o Trabalho Infantil. "O aumento em relação aos anos anteriores é assustador", começou por dizer a responsável bracarense em relação aos 516 casos identificados este ano, acrescentando que "quando em anos anteriores estávamos entre uma e duas centenas, neste momento são muitos mais os casos com que lidamos".

Negligência, maus-tratos físicos e psicológicos e abuso e exploração sexual são os motivos mais evocados na apresentação das queixas. Fátima Soeiro aponta o dedo aos problemas económicos para justificar o aumento de denúncias: "as famílias debatem-se com graves problemas e as crianças são afectadas".