Ana Paula Lima, in Jornal de Notícias
Os imigrantes são apenas 5% da população residente em Portugal, mas têm uma taxa de emprego superior à dos portugueses. Em dez anos o número de imigrantes mais do que duplicou e os países de origem já não são os mesmos.
Segundo o último relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), "Os imigrantes e o emprego: a integração no mercado do trabalho na Bélgica, França, Países Baixos e Portugal", a taxa de emprego entre os homens imigrantes é de 75,4% e nos autóctones de 73,6%. Nas mulheres, a empregabilidade das imigrantes é de 63,1% e das portuguesas de 61,8%.
A OCDE salienta, ainda, que a taxa de emprego feminina entre a população imigrante é das mais elevadas, na comparação com os restantes países da OCDE. O estudo explica a elevada taxa de emprego imigrante com o facto de grande parte dos estrangeiros vir para Portugal, com o único objectivo de encontrar trabalho. A maioria dos imigrantes encontra colocação nos sectores da construção, hotelaria e restauração, habitualmente empregos de baixas qualificações.
Considerando que nos últimos dez anos o número de estrangeiros mais do que duplicou em Portugal (de 173 mil, em 1996, para mais de 426 mil, em 2006), o documento alerta para a existência de imigração clandestina massiva, que se agravou a partir do ano 2000.
Se até 1997, o país recebia principalmente imigrantes dos PALOP (Angola, Cabo Verde, Guiné, Moçambique e São Tomé e Príncipe) e Brasil, maioritariamente, para o sector da construção, o final da década de 1990 ficou marcado pela alteração dos países de origem e pelo agravamento da imigração irregular. A necessidade de mão-de-obra foi colmatada com uma "onda" de imigração ilegal de países como a Ucrânia, Moldávia, Roménia e Rússia, refere o documento. Relativamente a estes "novos" imigrantes, a OCDE conclui que se trata de pessoas altamente qualificadas, que acabam por exercer trabalhos, sobretudo, no sector da construção. O relatório estima que 80% dos imigrantes dos países da Europa Central e de Leste que trabalham em Portugal têm formação superior e que é urgente encontrar medidas para reconhecer as suas competências, dando como exemplo os projectos já existentes na área da saúde.
O estudo da OCDE conclui que dos 426 122 imigrantes a trabalhar legalmente em Portugal, a maior parte (16,8%) é de origem brasileira, segue-se Cabo Verde (16%) e a Ucrânia (9,2%).