Célia Marques Azevedo, in Jornal de Notícias
O presidente da Comissão Europeia apresenta esta quarta-feira o plano de salvamento da economia no valor de 130 mil milhões de euros. O pacote combina medidas nacionais e europeias coordenadas, para fazer frente à crise.
Bruxelas pretende, com o pacote de ajudas que equivale a 1% do PIB da União Europeia (UE), a curto prazo, assegurar o poder de compra dos cidadãos e manter postos de trabalho que estão a ser afectados pela crise financeira e pela recessão que já bateu à porta da Zona Euro.
A coordenação pode ser, de facto, o ingrediente mais difícil de obter sobre o plano de Durão Barroso. Ao "estímulo por via orçamental" que o presidente da CE pediu aos governos dos 27, a Alemanha, a maior economia da UE, respondeu já que não estava disposta a ceder mais dinheiro do seu orçamento.
Em época de grandes decisões, o eixo franco-alemão tende a acertar agulhas. Ontem, Angela Merkel visitou Nicolas Sarkozy, em Paris, mas o presidente da UE em funções não conseguiu demover a chanceler alemã.
Os dois líderes afirmaram estar "de acordo para lançar uma acção concertada e para tomar outras medidas". Sarkozy diz que a França já está a trabalhar nelas, enquanto a Alemanha está a reflectir sobre elas.
Quanto à possibilidade de uma redução generalizada do imposto sobre o valor acrescentado (IVA), os dois países partilham a mesma posição, que "esta decisão pode funcionar para certos países" referindo-se ao Reino Unido, "mas relativamente à nossa situação, tenho dúvidas se precisamos de baixar o IVA, quando já constatamos uma descida dos preços".
O plano de relançamento da economia europeia assenta em três eixos principais. Por um lado, libertar rapidamente os 350 mil milhões de euros de fundos comunitários de coesão disponíveis para o período 2007-2013, para poderem ser utilizados. De outro, o aumento da base capital do Banco Europeu de Investimento para apoio às pequenas e médias empresas (PME) além dos 30 mil milhões de euros e, por último, a coordenação dos planos nacionais dos 27.
Portugal indicou pela voz do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, que Portugal acompanharia o "esforço comum e coordenado a nível europeu".